porque somos um pseudo-casal.
Somos cúmplices. Dividimos uma cama de solteiro, a conta
do bar e histórias. Gostamos de cachecóis, filmes do Tarantino, tatuagens e
Coldplay. Enquanto eu cozinho, você escolhe alguma música pra escutarmos – e às
vezes, acaba escolhendo aquela música que eu tenho tatuado – e seu frango
empanado é melhor que o da Palmirinha.
Ouvimos Metallica e
Lana del Rey (sem vergonha) e
quando estamos bêbados (ou apenas felizes demais) cantamos algum sertanejo.
Dançamos na cozinha, no bar e rolamos pela cama de solteiro. Você é o melhor
nos dardos e eu a melhor no twister. Brigamos e muito, e sabemos que sem brigas
não teria graça.
Nossas próprias piadas, nossas manias e nossa rotina, que
nunca é chata. Nossos maços de cigarros, nossas risadas que são únicas e as
histórias que você conta que sempre são engraçadas ou com um final muito
doido. Meu falatório que ou te irrita ou
te faz morrer de rir. O modo como cuidamos um do outro quando a gripe ataca, como
nos abraçamos e ah... Como nos beijamos. Tudo é único. Somos únicos, arianos,
eu santista e você são paulino.
Seu cabelo (lindo, é claro) que sempre sofre quando
invento de fazer uma trança, meus cílios que você ama, suas costas bonitas e
minhas pernas bonitas. Sua barba ruiva e meu cabelo enorme.
Você não finge gostar de alguma coisa só porque eu gosto,
e eu não finjo interesse quando você passa horas e horas vendo lutas anteriores
do UFC. Madrugadas em claro conversando
sobre as coisas mais íntimas de nossas vidas, a força que você me deu quando
minha vó foi operada e o apoio que te dei quando você quis mudar de país.
Gosto da sua polo cinza e de como as cores combinam com
você. Você gosta quando uso salto e da minha camiseta verde da Marvel, que eu
nunca vou usar porque é verde. Gosto da
sua família e das suas cachorras, você gosta da minha família e do meu primo de
4 anos que acredita que é o batman (ou babão, no inglês dele). Tudo funciona
muito bem entre nós, na cama, na cozinha e até comendo sushi com você me
ensinando a usar aqueles palitinhos.
Temos medo de fantasmas, principalmente depois de ver
“Atividade Paranormal 3” no cinema e ficarmos sozinhos no apartamento. Você não
tem medo de bicho algum, eu por outro lado, faço escândalo quando vejo uma
barata. (Em um apocalipse zumbi você seria o herói).
Somos insuportáveis, teimosos e preguiçosos, mas sabemos
ouvir e ajudar, sempre. Nossas conversas sobre filmes, seriados e música (confesso
que adoro quando você me elogia dizendo que entendo muito de cinema e música ,
mas você entende mais de Game of Thrones do que eu).
A maneira como você me apresentou para todos seus amigos,
a maneira como você segura minha mão e como se preocupa com minha saúde. Não falamos sobre política, mas temos a mesma
opinião. Eu não sei andar de bicicleta e
você não sabe nadar. Bebemos muito, comemos muito e odiamos acordar cedo. E falamos ‘eu te amo’ em situações inusitadas,
choramos (eu mais, é claro), dormimos abraçados e acordamos com os cabelos em
pé. Mesmos sonhos e planos. Terça-feira é o nosso dia predileto da semana,
assim como lasanha está para comida predileta e cerveja para bebida predileta.
O final de semana mais bonito na cidade que dá pra ver o
mar mediterrâneo, a última manhã de 2011 deitados no sofá, assistindo “O
Chamado”. O primeiro eu te amo de 2012, primeiro beijo e primeiro sorriso.
E continuamos juntos, mesmo enfrentando um oceano de
distancia. Amar é isso, é sentir saudade e ao mesmo tempo sentir a presença um
do outro, é chorar lendo uma declaração via facebook, é falar eu te amo todas
as noites baixinho pro travesseiro extra que está na nossa cama de solteiro.
Amamos o que somos e o que temos. Somos únicos, cúmplices
e existimos.
p.s. GIGANTESCO da narradora:
“Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se
bem e é fã do Caetano... Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo
mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se
pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se
revela quando menos se espera. (...)Você adora brigar com ela e ela adora implicar
com você. Isso tem nome(...).
O Jabor escreveu uma crônica sobre nós (sem pedir,
obviamente).
Estou feliz, sorrindo banguela pra todo mundo. E
esperando você com meu vestido de leopardos (que pra mim, continuam sendo dinossauros), com as pernocas de fora e com
cerveja na geladeira.
We can do anything,
Priii (sim, eu voltei).