quinta-feira, 23 de junho de 2011

System


E se a criatividade falhasse de vez em quando? E se ela deixasse de sonhar? Qual seria o problema? Afinal ela sonhava, e os sonhos viravam planos, que viravam frustrações. Por que ela planejaria o que estava por vir? Pra quê ela traçaria passos que não seriam seguidos, planejaria falas que não seriam ditas, escreveria metas que não seriam cumpridas?
A vida não poderia se resumir somente a isso. A vida não podia ser igualada, transmitida, datada e provada por páginas e páginas de um caderno jogado! Ela não queria que fosse assim, mas ela somente sabia viver se planejasse o dia de amanhã antes de fechar os olhos todas as noites. Por que não planejar salvar o mundo? E por que não desejar dominar o mundo todas as noites? Por que não planejar não ter planos?
Estava planejado. O plano seria não fazer planos. Ela tentaria dominar o mundo todas as noites, sem planos. Se ela conseguiria, ninguém jamais iria saber. Isso não estava escrito, simplesmente porque não era planejado como todo o resto.
Ela planejava te encontrar hoje. Hoje virou talvez e amanhã também. Semana que vem, quem sabe?!


- Carol Bizzi

terça-feira, 14 de junho de 2011

thoughts of you

you just know, you just do. (conversas de bar II)

VCR by Xx on Grooveshark


Tenho me sentido como uma dedicatória que foi lida no mínimo 14 vezes. Acordo todos os dias pensando se estou gostando ou não de você, se tudo foi verdade ou apenas um desses meus devaneios em que misturo minha realidade com nossos filmes.

Gosto mais dos nossos filmes, tenho revisto todos e tenho mostrado nossas músicas para as pessoas, porque cá entre nós, as pessoas não podem viver sem antes escutar essas músicas que você me apresentou. Alias, sinto você nessas músicas, que me obrigo a escutar todos os dias.

Cada trago de cigarro que dou é como se fosse pra te irritar, você sabe que eu tenho essa necessidade absurda de sempre querer te irritar com meus palavrões, cigarros e minha persistência para que você responda minhas benditas perguntas.

Guardei aquele meu vestido florido que você tanto gosta dentro de uma dessas gavetas que não consigo abrir e guardei as palavras que poderia te falar pra tentar mudar tudo isso também. Você diz que eu gosto de mostrar o que já está subentendido, talvez eu nunca mais venha a me questionar o que sinto por você e porque com você tudo é tão diferente, tão correto.Guardo esses questionamentos dentro da gaveta também.

Tomo meu café e penso em você, às vezes até falo de você. E as pessoas no trabalho perguntaram onde está o sorriso dos meus olhos nos últimos dias, respondo que você levou junto com seu presente, dedicatória e abraço.

Não sinto ainda a tua falta, porque você sem perceber, deixou sua essência dentro de mim, do meu quarto, da sala e debaixo do meu travesseiro. Não procurei seus defeitos ainda debaixo da minha cama e nem apaguei seu toque na minha pele fria.

Enquanto você dorme preocupado em todas essas coisas da tua vida, eu fico acordada pensando em como fui deixar tudo chegar a esse ponto em que estamos agora. Acabei de pensar se você ainda pensa em mim, se gosta de mim ou se apenas tem ainda vontade de passar aqui em casa e me fazer rir.

Você me faz rir até quando diz que está indo embora. Na verdade, ainda não decidimos se você ainda foi ou não. Acho que somos do tipo de pessoas que nunca se vão, apenas se afastam por semanas, sonhos e dias e quando menos se espera, aparecemos em algum desses lugares que as luzes dançam em nossos corpos.

Todo mundo sabe que você me faz feliz, eu sei disso, você sabe disso e acho que até meu leão de pelúcia sabe disso, e mais! Ele sabe que eu te faço feliz também, nem que seja a curto prazo, você gosta de ter-me por perto. Então, por ora, só te ter por perto, já basta.

(e eu nem sei muitas coisas sobre você, mas sei quais músicas te fazem dançar e quais filmes te fazem chorar. pensando bem, acho que sei muito sobre você).

Mas eu queria muito que você fosse [embora], falasse um desses ‘adeus’ sem cerimônias e eu te desse um dos meus sete sorrisos. Um sorriso sincero enquanto você me desse o último abraço e, eu lembraria de todos nossos (poucos) momentos e ficaria entalado em minha garganta o apelido que tanto gosto de te chamar – hoje em dia, não sei ao certo qual apelido usar contigo.

Eu fecharia a porta, subiria o elevador e pensaria em você, mas com cuidado para não sofrer, porque eu sei que você ao se afastar não quer me machucar. E eu acredito em você. Então, eu encho minha xícara com chá quente e mexo você com a colher na minha xícara do batman. E penso em você quando a brisa sopra meus cabelos.

Fico me perguntando qual borboleta bateu as asas lá na Ásia para acontecer todo esse vendaval aqui na nossa avenida cheia de luzes e nós.

Você tem dito que vai me encontrar em outra vida, enquanto eu resfriada afirmo que vou sumir por mais algumas semanas, quem sabe assim você volta completamente pra mim, nem que seja por uma noite? Acho que perdi meu bom senso dentro do seu carro, enquanto você cantava aquela música que fez parte da nossa trilha sonora aquela noite.

Então vá. Apague a luz do meu quarto e vá, corra pelo país afora só não corra mais por minhas veias e pele. E lembre-se de mim, eu sei que você vai fazer isso, sem que eu precise pedir. Leve esse jeito tão encantador e irritantemente paulista e politicamente correto à praia, vá ver o mar por mim.

Apague a luz e deixe-me aqui pensando em você.
E depois volte pra mim.

Volte por completo, nem que seja em outra vida quando ambos formos gatos.

p.s. da narradora:
i think we’re superstar.
let’s get lost, me and you,
@PriiiG

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Since you've been gone



- O que é aquilo no céu?
- Acho que é um OVNI.
- Deve ser um avião.
- Não estrague minha alegria. É um OVNI e ponto.
- Ok. Então é um OVNI.

A grama deixava suas mãos geladas, mas eles não se incomodavam diante de um céu tão bonito. A falta de palavras era algo confortável, afinal eles não tinham muito o que dizer. O que sempre houve em comum agora se dissipava momentaneamente.

Ela começou a cantarolar uma música pra distrair. Ele continuou olhando para o céu com as mãos embaixo da cabeça. Ela, então, tira de sua bolsa um exemplar de 'O Mágico de Oz', para talvez atrair a atenção dele por alguns instantes. Ele, pelo canto dos óculos observa o livro, mas hesita em expressar qualquer reação.

Ela desistiu de esperar ele puxar assunto e levantou. Foi andando em direção ao lago para observar as coisas de um ângulo diferente. Encostou em uma árvore que ficava na margem do lago e por lá ficou por alguns minutos.
Sem prévio aviso sentiu uma mão tocar o seu ombro e quando se virou, antes que tivesse reação para corresponder, sentiu um abraço forte a envolvendo.

- Isso aqui tá um porre. Vamos tomar um café?
- Mas ainda é a hora do almoço!
- E existe uma hora específica para se tomar um café sem açúcar?
- No mundo real sim.
- Sua tonta, vamos!

...

- Sabe aquela cena do milkshake do Pulp Fiction?
- Sei, a do silêncio, né?
- Isso... É interessante!

E caminham em silêncio até a cafeteria.
Esperaram o café por aproximadamente 7 minutos. Quando finalmente chegou, ele começou a beber e olhar o movimento da rua pela janela. E mais uma vez ela se sentiu obrigada a tirar seu exemplar de 'O Mágico de Oz' da bolsa para passar o tempo que ele não estava passando com ela.
Ele parecia nem estar ali. Não dava a mínima para ela.
Ela resolveu não estar ali também. Se sentia mais como o Homem de Lata do que como a Dorothy. Não dava para entender por que ele estava distante além do normal. Até que se encheu e deixou ele na mesa enquanto foi pagar a conta e então foram embora.

- Acho que cobraram errado. Só tem um café puro na conta.

Ele nem se deu ao trabalho de responder.
- Por que você me trata assim?
- Assim como?
- Como se nem estivesse aqui.
- Impressão sua.

Caminharam até chegar à casa dela. No fundo ela pensou em convidá-lo para jogar video game, mas já estava cansada de tanto descaso. Se despediu com um beijo no rosto e entrou direto para seu quarto. As tentativas em vão de conquistar a atenção dele esgotaram sua mente. Caiu na cama e com a roupa do corpo dormiu até o dia seguinte.

Acordou com as cenas do dia anterior martelando em sua cabeça de forma tão forte que sentia dores reais! Aquilo não estava certo. QUEM era ele para tratá-la com tanto descaso?
Pegou o telefone e discou o número que sabia de cor, apesar de nunca ter tido a coragem de discar todos os oito dígitos do telefone dele, mas a raiva era tanta que conseguiu completar a ligação sem nem ao menos perceber o feito. E o telefone chamou... E chamou.

- Bom dia! Tudo bem?!
- Quem você acha que é pra ter me tratado assim ontem? Você acha que sou idiota?
- Ontem, pequena? Mas ontem eu fiquei preso na faculdade o dia inteiro, tinha um seminário para apresentar hoje! Desculpa ter sumido sem avisar! Não sabia que te deixaria brava!
- Seminário? Faculdade?
- Não sei se isso muda alguma coisa no seu humor, mas tenho uma boa notícia... Pelo menos pra mim é! Finalmente vou conseguir ir te visitar! Não vejo a hora de te conhecer e roubar 'O Mágico de Oz' da sua estante!




Um agradecimento mega especial para a @CarolBizzi que escreveu 73% desse post.

Em busca da Terra do Nunca

Cheguei a um ponto onde já perdi a conta de quantas vezes no mês eu acordo sentindo saudade dos dias que passaram.
Quando tudo era tão mais simples e sincero.
Onde minha única obrigação era levantar a tempo de não perder a abertura de 'Cavalo de Fogo'.

Não acho justo reclamar da vida, pois cada fase tem sua importância. Porém tem uma frase que não sai da minha cabeça: "Você era feliz e não sabia."
Bom...
Na verdade eu sabia sim e pedia com todas as minhas forças para que aqueles dias demorassem a acabar.
Até que um dia me deparei com o espelho e eu já tinha 20 anos. Não sei como aconteceu, mas acho que o Peter Pan não me salvou a tempo.





Nunca fui daquelas que mal podiam esperar a hora de crescer. Eu gostava mesmo era de acordar cedo, ainda esfregando os olhos, usando meus pijamas velhos e sentar em frente a tv para assistir "Caverna do Dragão".

Enquanto eu via meus irmãos se arrumando para a escola eu não conseguia não sentir medo ao me perguntar quando aquilo ia acabar.
Hoje eles não tem mais 17 anos e não assistem mais Thundercats. Estão ocupados demais ganhando a vida e cuidando de seus filhos.

Talvez eu tenha nascido com uma alma saudosista e não há nada que eu possa fazer que vá mudar isso.
Eu ainda colo pôsters na minha parede e tenho todos os tazos que eu colecionava quando criança. Jogo video game e adoro ler minhas hqs.
São as poucas coisas que me lembram da época que não volta mais.

Eu sofro na esperança de ter os anos 90 de volta, então nem consigo imaginar quem pede para que os anos dourados voltem.
Quando garotas não eram objeto e sim uma conquista. Onde andar na rua não era sinônimo de medo e sim de encontrar os conhecidos.

Aos olhos dos meus pais eu ainda sou criança. Talvez eu ainda seja, lá no fundo.
A sociedade já diz que sou mulher feita, quando tudo o que eu mais queria era que a vida carregasse um pouco mais de inocência.




P.S. da autora:
Se existe um gênio da lâmpada por ai dando sopa, eu compro de você. Diz pra ele que o meu primeiro desejo é voltar a ser criança.


Não se esqueçam jamais do passado. Ele que o trouxe até aqui.
@JessyMcLovin