quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Já é quase Fevereiro

Mais um ano se passou, mais um ano nada criativo pra essa vida que chamo de minha.

Eu, iludida, cheia de planos, acreditando muito de verdade que seria um ano cheio de textos, desenhos, um ano que finalmente ia continuar a escrever o livro que comecei há uns anos atras...
Foi no fim das contas um ano onde todos os dias foram vividos exatamente iguais.

Acorda, vai pro trabalho, passa nervoso, passa mal, vai pra faculdade, passa nervoso, passa mal, vai pra casa, tenta dormir, não consegue dormir, finalmente dorme, ai acorda, vai trabalhar, passa raiva, ataca a gastrite, passa mal, falta na faculdade, passa nervoso por ter faltado, passa mal, gastrite de novo, dorme, acorda assustada, dorme de novo, acorda, não dorme mais, tá na hora de trabalhar de novo...

Isso não é um texto sobre ingratidão, porque mesmo do jeitinho torto que a vida me leva, ainda consegue ser uma vida maravilhosa e mesmo com uma rotina não muito exemplar, meus dias são bons.


Mas no meio desse turbilhão de muitos nadas e tantos tudos, eu fiz aniversário.

Agora o RG diz que eu tenho 26 anos, mesmo minha coluna dizendo que eu sou bem mais velha que isso.

A maturidade é uma coisa engraçada e nem um pouco previsível.
Pra maioria ela vem com a idade, pra outros com as responsabilidades. Cada um chega até ela de um jeito diferente.

Pra mim eu não sei como foi que aconteceu, um dia eu acordei e simplesmente soube.
Ainda não sei como lidar com muita coisa, mas aprendi like a motherfucker como aceitar.
Aceitar o espaço das pessoas, aceitar que muita gente não gosta, nem nunca vai gostar de mim. Aceitar meu corpo e os detalhes dele. Aceitar que minha família nem sempre vai levar na boa minhas escolhas. Aceitar que nem sempre quem você ama, vai te amar de volta. Aceitar que muita gente vai sair da sua vida e que tudo bem.

Eu não me sinto mais sábia ou mais inteligente. Não me sinto evoluída ou mais preparada. Eu só sinto que a vida consegue ser mais fácil do que fazemos ela ser.

Existe tanta chateação no mundo e com o tempo eu aprendi que tudo está relacionado a como reagimos ao que nos acontece e o quanto nos deixamos afetar.

Os desenhos já vem tentando nos ensinar há muito tempo.


É muito fácil entrar em pânico com tudo, com as coisas que não podemos controlar e tiram a nossa paz (que já é bem pequena).

Aquela DP que você estudou tanto e passou tantas noites sem dormir e mesmo assim ela chegou. Aquele boleto que você tinha certeza que ia conseguir pagar, mas quando entrou na conta, gastou mais do que lembrava. Aquele vestido que você achava que ainda ficava bem em você. Aqueles 50 reais que você tinha guardado na carteira e ia usar pra dar role no final de semana, mas na verdade você esqueceu que já tinha gasto ele. Aquele colega de trabalho que está sempre rindo com você, mas na hora do almoço fala mal de você pro chefe. Aquela tatuagem que você sempre gostou, mas os anos se passaram, ela ficou feia e agora você tem que cobrir. Aquele filme que você queria ver com a sua família, mas eles nunca tem tempo. Aquela viagem que você estava louca pra ir, mas ninguém te chamou. Aquela sobremesa que você guardou pra comer a noite, mas quando chegou em casa e abriu a geladeira, alguém comeu ela antes de você. Aquele rolê que todo mundo foi e as fotos ficaram ótimas, mas você não está em nenhuma delas.

As coisas pequenas vão ficando enormes e quando tomamos o tempo pra perceber, não existe mais nada que consiga controlar elas.


Eu tive momentos mais difíceis do que consigo calcular nesse ano que passou. Diz a lenda que 2016 foi ruim pra todo mundo. Quem sou eu pra discordar.

Aconteceram coisas que minha imaginação nunca foi fértil o suficiente pra criar.
Eu não soube lidar com nenhuma delas, eu fui me desfazendo, perdendo o controle, perdendo a noção e o rumo.
Um dia eu acordei e estava tudo errado e eu já não sabia mais por onde começar.

Eu não sei em que momento eu retomei o controle, só sei que passou muito tempo até isso acontecer, mas eventualmente as coisas deixaram de ser ruins e eu consegui ficar em pé de novo.

Desde esse momento X, eu comecei a encarar os problemas de um jeito diferente.
Tudo que existe pelo menos alguma chance de resolução, eu vou atrás de resolver.
Tudo que não tem, eu aceito da melhor forma que meu cérebro consegue aceitar naquele momento.

Falar isso faz parecer fácil, mas foi uma das coisas mais difíceis que tive que aprender a aplicar na minha vida.
Aceitar o limite e o espaço do outro. Aceitar meus limites. Aceitar que quem é pra ficar na vida, fica. Que os amigos não vão fugir quando você tiver dias ruins. Que descobrir a equação pra viagem do tempo é mais fácil do que descobrir o amor próprio. Que sempre vão existir pessoas mais bonitas que você e tudo bem, desde que você não ignore a sua própria beleza. Que sempre vão existir pessoas mais legais que você, mas você também é legal.



Eu queria dizer mais um monte de coisas legais e motivacionais, mas a cabeça nunca funciona como a gente quer e praticamente todas as ideias estão presas em alguma gaiola, que eu não sei onde foi parar.

Então, se tem alguém lendo isso, eu vou deixar aqui uma dica, que foi o que mais me ajudou a levar a vida mais na boa.
Sempre que você estiver de frente de uma situação difícil demais, tenta ver até onde vai a sua obrigação em relação a isso.

Quando nos sentimos obrigados a fazer qualquer coisa, a tendência a tudo dar errado, é muito grande.

Se você não quer sair, você não é obrigado. Os amigos de verdade e o mozão tem a função de entender.
Se você não está bem pra ir pro trabalho, você não é obrigado. Conversa com o chefe no outro dia e explica a situação.
Se você não consegue ir pra aula, você não é obrigado. Estuda um pouco mais no outro dia e tenta recuperar o dia perdido.
Se você não consegue amar aquela pessoa, você não é obrigado. Encontre o melhor jeito possível de conversar com ela. Sua unica obrigação é não destruir a outra pessoa.

Em poucas situações da vida temos total obrigação de resolver e nos desdobrarmos até dar certo.
As vezes não conseguimos perceber, mas a obrigação pode ser dividida, as vezes ela nem é tão grande assim e muitas vezes ela está só na nossa cabeça.

Então aprender a pesar a situação, ao invés de se entregar ao desespero, é uma boa saída.

Cuide de quem corre junto com você, de quem se dobra em mil pedaços por você, abra mão de quem não dá importância pra sua existência, não espere resultados imediatos, muitos menos fique na expectativa de coisas em troca quando fizer algo por alguém.

Você não é obrigado a nada, a menos que queira ser.

É isso ai, falei um monte de coisas e não falei nada ao mesmo tempo.
O ano mal começou e já é quase Fevereiro.
@JessyMcLovin

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Stubborn Love

Its better to feel pain, than nothing at all.



No começo desse ano, (lá vai eu falar de novo de uma 'data' que já passou faz um puta tempo) fiz uma viagem para o interior de São Paulo, para ser mais especifica, passei uns dias em Itu.
No meio de muitas bebidas, música alta, pessoas sendo jogadas na piscina, comidinhas super delicia pra balancear tudo isso e noites estranhamente dormidas, conversas bem legais surgiram.
Mas eu quero falar de uma em especial, que vai ficar comigo por muito tempo.



Estava eu, sentada em um canto, com o meu copinho em mãos, não lembro mais o conteúdo do mesmo, escutando uma música que realmente estava me incomodando, mas era o gosto da maioria.
Como sempre, Jessy + copinho preenchido com qualquer teor alcoólico = pensando na vida.

Um amigo sentou do meu lado e começamos a conversar.
Eu contei pra ele que aquele momento não estava muito legal pra mim, porque a música me lembrava alguém que eu realmente queria esquecer e que aquela banda estava praticamente proibida na minha rotina.
A conversa foi se estendendo, falamos sobre como as pessoas e as músicas que ouvimos em um certo ponto, acabam se unindo e fazendo parte de uma coisa só.
Que quando aquela  pessoa em questão não faz mais parte da sua vida, ouvir a música simplesmente dói, em lugares que você nem sabia que existiam dentro de você.
Então, não importa o quanto você gostava de ouvir, a música ganha um selo invisível de banida.

Acho que isso na verdade é bem comum. Todo mundo tem um cantinho obscuro, aquela playlist proibida, que simplesmente não dá mais pra ouvir.
Vocês que não sofrem desse mal... (inserir aqui emoji das mãos batendo palminhas, muitas palminhas!)

Foi então que a parte que me marcou aconteceu...

Ele contou de quando o casamento dele acabou e eles chegaram naquela parte que não dá mais pra fugir e você tem que dividir os discos.
Ai ele lembrou dos discos que comprou pra ela, das músicas que ele apresentou pra ela e eles aprenderam a ouvir juntos e que agora estavam difíceis demais de levar em frente, já que tudo que tinha acabado.
Todas aquelas músicas favoritas, agora perdidas...

Porém, após um tempo considerável, ele chegou num ponto que bateu aqueles famosos '5 minutos' (juro que existe, pra mim nunca funcionou, mas algo me diz que já cheguei perto. Sei o que significa, mas nunca coloquei em prática) ele resolveu mudar a situação.
"- Eu peguei minhas músicas de volta. Aquelas músicas não eram nossas, as músicas são minhas e eu peguei elas de volta"

Eu não sei como aconteceu, mas ele conseguiu desfazer o vinculo, que até então eu achava simplesmente impossível.

É muito perigoso navegar nessas vastas águas de apresentar suas músicas, exige cuidado e muito estudo, porque uma vez que você ouvir aquela música, com aquela pessoa, você estará pra sempre vinculado a aquele momento.
Vai te fazer bem por muito tempo, mas na hora que fizer mal, tudo se perde, o momento e a música.
Mas de uma forma estranha e um tanto torta, sempre vale a pena.


Sempre fui muito apegada as minhas playlists, elas representam o que eu sou e como vejo o mundo.
Eu ainda me pergunto como ele conseguiu, pois acho que sempre terei quadros pendurados na minha memória e cada rosto será dono de sua trilha sonora.
Então se em algum eu te apresentar alguma música, eu estou sem sombra de dúvidas, te convidando pra entrar no meu mundo.
Ele pode ser meio bagunçado, mas também muito colorido e não precisa tirar os sapatos pra entrar.


E não precisa bater, a porta está sempre aberta.



Espero que você não seja mais um quadro na galeria, mas que divida os fones comigo, enquanto conto minhas histórias.



Jessy.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Promessas de Ano Velho

Como vocês vão ver abaixo, esse post tá sendo postado agora, mas ele pertence a Fevereiro, ou antes disso. Está bem incompleto, mas quanto mais tempo ele ficar guardado, mas o sentido vai se perdendo.
Então lá vai, antes tarde do que mais tarde.

(Em algum momento ele será terminado)






Ainda é Fevereiro (ou já é Fevereiro), então deduzo que o assunto que estou afim de falar é totalmente permitido.
Fora que o Carnaval nem chegou ainda, então é super permitido.

Tá liberado falar? Se não tiver vou falar mesmo assim!


Esse texto eu venho planejando escrever desde Novembro provavelmente (não vou falar que foi antes disso, senão fica feio pro meu lado!) e simplesmente não consegui escrever de jeito algum, mas tem algo em 2015 que já tá colaborando muito (mentira, nem tanto assim) para a minha criatividade.
Então vamos lá...



Qual é a das promessas de ano novo? Sério! Aquela coisa de 'ano novo, vida nova'...
Te juro que o me obrigou a pensar nisso foi uma camiseta da C&A, com uma frase tipo: 'O ano não vai ser novo se você for o mesmo' ou algo próximo disso.

Não posso falar muito sobre isso, porque eu, essa que vos escreve faz isso todo ano.
Todo ano que esta prestes a começar, lá estou eu na praia (sem pular as ondas, porque ninguém merece isso), com aquela centena de fogos explodindo acima, todos se abraçando e derrubando champagne na roupa, dando beijinhos, gritando e jogando os braços pra cima... Lá estou eu olhando pro mar, com a mesma cara de pão de queijo de sempre, prometendo pra mim mesma que aquele ano com certeza vai ser melhor e que dessa vez tudo vai funcionar. Mas sabe o que acontece? O ano é exatamente igual ao anterior, se não igual, bem parece no mínimo.

Mas por que isso? Por que sempre nos prometemos tanta coisa e tudo acaba sendo igual?

Acho que a camiseta da C&A tinha razão, porque nós continuamos a mesma coisa.
É nessa que entra uma frase bem bicha e bem conhecida de Tumblr...


Faz sentido? Acho que faz bastante sentido.
Estamos sempre reclamando que as coisas estão ruins, que nada acontece, que ta tudo errado, mas talvez isso se deva ao fato de fazermos sempre a mesma coisa. Os mesmos erros.

Se você vive todos os dias do mesmo jeito, dificilmente eles irão mudar.
E quem sou eu pra falar sobre isso?

Sou a moça dos bons conselhos e que nunca os segue. Não que minha vida seja repleta de reclamação ou algo do tipo (ok, tem dias que pareço um velho de 90 anos com reumatismo, mas quem nunca né?), mas eu me questiono com frequência porque as coisas insistem em continuar igual, quando o que mais preciso é que elas mudem.
Talvez se deva pelo fato de fazer a mesma coisa um bocado de vezes e ficar esperando resultados diferentes.

Eu gosto da minha vida rotineira, imutável e erradinha do jeito que ela é, porque ela me trouxe as pessoas que eu precisei, quando eu precisei e eu nem sabia que precisava. E ela continua fazendo isso.

Os dias podem até ser sempre iguais, mas é graças a isso que os dias bons ficam na memória.
Mas isso já é assunto pra outro post.

Au revoir,
Jessy

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Lorsque rien ne se passe

Ensemble by Coeur de Pirate on Grooveshark
Staring at the bottom of your glass
Hoping one day you'll make a dream last
But dreams come slow and they go so fast


Há alguns dias um amigo meu escreveu uma coisa no Facebook e eu não consegui parar de pensar nisso até agora...

" 15 de janeiro às 12:40 · 
Tem dia que a gente acorda meio apático né? Não se sente feliz, nem triste, nem com vontade de rir e nem de chorar, nem com vontade de amar e nem de odiar, você apenas vive aquele dia, pois precisa passar por ele. "


Fiquei pensando em quantos dias durante o ano que são desse jeito e se for fazer a conta posso dizer que pelo menos metade dele é assim. 
Mas será que isso é ruim? Viver desse jeito é viver errado ou é não viver at all?

A quantidade absurda de filmes que assisto sempre me ensinaram que todos os dias você tem que conquistar o amor da sua vida, sofrer, correr atrás mais um pouco, entrar em uma perseguição de carros, aprender uma música nova, beijar e abraçar alguém, ter um jantar bem bonito, pular de um prédio, fazer novos amigos, tudo isso enquanto trabalha, estuda e arruma a casa, isso se a louça já estiver lavada é claro.


Mas dá mesmo pra fazer isso todos os dias? A vida é menor se não fizermos mil coisas nas 24 horas que nos é dada por vez?

Sempre bate aquela sensação de tempo perdido se você não faz algo realmente surpreendente do seu dia.
As vezes você só acorda, vai pro trabalho, vai estudar, volta pra casa e dorme.

A verdade é que a maioria dos dias não é surpreendente, talvez isso torne aquela meia duzia de dias lindos tão importantes.
Aqueles dias em especifico, que você fica a semana toda esperando pra chegar, seja pra ver o carinha que você gosta em segredo, ver o seu melhor amigo e encher a cara com ele (se o dinheiro der, senão a gente só tenta mesmo), encontrar aquela amiga que você não via há mais de um no meio de um monte de gente desconhecida, trombar um conhecido na rua no dia que você está o mais desarrumado possível, ouvir no rádio uma música que você jurava que já tinha esquecido. 

Não duvido que a vida seria muito melhor se todos os dias fossem surpreendentes e cheio de coisas boas, aqueles dias que mal da tempo de ouvir a música do Pharrell que toca até quando você abre a porta da geladeira ou a torneira, mas a verdade é que não é bem desse jeito e não há Sessão da Tarde no mundo que consiga nos convencer do contrario.
Acho que todos tem muitos dias neutros que não te trazem algo que você vá lembrar de verdade (todos menos a Miley Cyrus, certeza que ela cria uma história nova todo dia).

Não vou dizer que me orgulho dos meus dias neutros, porque eles não trouxeram nada pra me orgulhar, somente a vontade de continuar e me ajudar a aguentar a ansiedade na espera dos dias melhores, que por sinal parecem que andam com o freio de mão puxado a maioria das vezes de tanto que demoram pra chegar.

É nos dias neutros que somos o mais verdadeiro possível, seja com nossos pijamas velhos e pantufas surradas, ouvindo All About That Bass e dançando pela casa. Assistindo aquele seriado repetido e conversando o dia todo com as mesmas pessoas. 
Vendo as mesmas pessoas no ônibus/trem/metrô, preso no transito ou ouvindo gritos do chefe sobre exatamente a mesma coisa.
Talvez no mesmo bar da semana passada, com as mesmas pessoas e as mesmas bebidas.

Os dias neutros podem não ser os mais divertidos, os que dão as melhores histórias, as melhores piadas, as melhores viagens, mas é neles que nossos verdadeiros eu moram e é graças a esses 'eus' que nos encontramos nos melhores dias e fazemos da vida o que ela é, um playground gigante. 



Jessy Mclovin

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Two Fingers


So I hold two fingers up to yesterday
Light a cigarette and smoke it all away
I got out, I got out, I'm alive and I'm here to stay




Fico me perguntando porque demoro tanto tempo pra escrever, sempre buscando alguma inspiração para transformar em palavras.
Mas por que algo que parece ser tão simples, na hora de colocar em pratica se torna uma verdadeira guerra?


Dá pra culpar a rotina?



Cough Syrup by Young the Giant on Grooveshark




Inspiração era uma coisa que costumava vir facilmente, mas os dias vão passando e você vai se entregando a eles, prometendo que no dia seguinte com certeza as coisas vão se resolver.

E assim passa uma semana... um mês... e você continua exatamente no mesmo lugar.

Os dias repetidos te dão a segurança de que no dia seguinte você terá tempo pra solucionar o que for necessário.
Eles dão a impressão de que o tempo não passa, mas quando você olha pra trás, nada mais estava onde você deixou e tudo mudou de algum jeito e se olhar atentamento, é capaz de achar alguns cabelos brancos.

Não existe formula para fugir da mudança, mas se tudo está em constante mudança, por que os dias são sempre os mesmos?
Dá pra culpar cada um de nós?

Somos culpados por nossas contas, nossa necessidade de ganhar dinheiro, nossa correria de querer estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Corremos tanto que não sobra tempo para parar e pensar no que estamos fazendo.
A culpa sempre é da sociedade, mas quem é a sociedade?
Eu e você.

Nós corremos pra pegar o ônibus todos os dias no mesmo horário pra chegar no trabalho a tempo, pra passar a raiva costumeira de segunda a sexta (um momento de silencio pra quem passa essa raiva de segunda a segunda), pra ganhar dinheiro que provavelmente não vai ser suficiente, pra chegar em casa e mal ter tempo de dormir ou ficar com a família ou ler um livro. Livro esse que tentamos manter em dia, mesmo que seja em pé no ônibus/trem/metro enquanto seguramos a mochila porque alguém esbarrou nela e ao mesmo tempo ficamos procurando um lugar pra sentar porque o caminho é longo. Só eu acho que nascemos pra ser malabaristas?


De um dia para o outro todo mundo passou a não ter tempo, a correr por todos os lados, a estar sempre atrasado...
Mas para onde estamos indo? (Deixando de lado a mais cruel das verdades, por favor né? O texto é um tanto sério, mas se alguém falar de morte aqui a coisa vai ficar deselegante!)

O dia passa e o que fizemos dele? Provavelmente a mesma coisa de todos os outros que passaram e fico me perguntando onde a beleza dos dias foi parar?

Sei que ela não sumiu e que na verdade não está nem um pouco longe, só ficamos meio cegos.

Igual o tiozinho da novela, que está sendo envenenado aos poucos pela biscate e perdendo a visão.
A rotina é a biscate que nos envenena e nós somos o tiozinho boboca que acredita no charme dela e acredita que vai ficar tudo bem.

Eu que mal comecei a viver sinto saudade dos dias que passaram e me pergunto o que será daqui a frente, se a vida mal começou e já é tão difícil. Isso é parte do crescimento ou eu que estou indo pelo caminho errado?

Eu voto por dias vividos de verdade, sem pressa. 
Veja os detalhes e o faça ao lado de pessoas que mereçam estar lá.
Voto por dias com a saudosa inspiração, essa moça que demora pra visitar e não costuma ficar muito.
Voto por viver e não somente existir.

A correria não vai fugir de você, ela vai continuar esperando, no mesmo cantinho que você a deixar. Então nada de remorso na hora de virar as costas pra ela, nem que seja um pouquinho.


Jessy McLovin.


Ps.: Desculpa blog, acho que tudo isso escrito acima foi uma forma de justificar minha ausência, porque chega a ser quase imperdoável.
Ps.2: Obrigada a cada um de vocês que ainda continuam ai (:
Ps.3: Sim, eu assisto a novela. Não, eu não me orgulho disso.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

In Between Days

No Hope by The Vaccines on GroovesharkTodos devem ter um dia em que acordam se sentindo perdidos. Perguntando o que será das horas seguintes ou de todos os outros dias que virão. Por que o dinheiro nunca é suficiente, por que aqueles planos de viagem nunca saem do papel, por que mesmo quando tudo dá certo o sentimento de insatisfação ainda existe? 

De segunda a sexta acordo no mesmo horário, vejo as mesmas pessoas, almoço no mesmo lugar, chego em casa, converso com a minha família e assim segue. É uma rotina tranquila, fácil de ser levada, algo até desejável quando os dias difíceis chegam, mas por que no fim do dia tudo continua parecendo errado?


Será que levar uma vida tranquila já não é o suficiente? 



Tenho amigos, um trabalho legal e uma boa família, alguns videogames que funcionam e jogos que ainda não fechei, uma caixa cheia de quadrinhos que ainda não li e uma estante de livros na mesma situação. 
Porém a vida um dia satisfatória deixou de cumprir o seu papel e simplesmente começou a fazer parte da zona de conforto, onde pijamas, junk food e filmes repetidos são um pró e ruas movimentas, ambientes fechados cheio de gente e musica alta um contra.  

Acho que chega um ponto na vida onde as coisas são boas como estão e mudar da trabalho demais. Você se depara com uma certa idade, onde mudanças, grandes decisões, rumos a serem tomados são exigências, mas o cumprimento das mesmas exige mais que o possível.

É impreterível que você faça dinheiro, tenha um carro, um lugar para dormir, pessoas para ver, nenhum horário livre durante o dia e seja feliz. 
Mas é possível ser feliz mesmo quando o certo parece errado? 

Assistir filmes demais faz você se sentir culpado pela vida que leva e por as coisas não estarem nos lugares certo. Te faz sentir que ter uma vida insatisfatória não é um pecado e sim uma ocasionalidade. 
Não tem problema sentir inveja daquela amiga que foi morar em outro país, não ter um diploma antes dos 25 anos não vai destruir a sua vida, deixar seus pais tristes as vezes faz parte, não sair com aqueles amigos todos os dias não vai te deixar ainda mais incompleto e ficar sozinho não é sinônimo de solidão.
Porém o letreiro piscante vai continuar lá gritando com suas luzes bonitas que tem alguma coisa errada. 
Ai você começa a esperar que a ocasionalidade te coloque na direção certa pois você está perdido há tempo demais e começa a se perguntar se esse dia realmente ira chegar.

Ainda quando criança eu vivia na certeza de que quando crescemos todas as perguntas são respondidas e a única duvida seria qual filme alugar no final de semana, mas agora, com as pessoas que convivo percebo de quanto mais o tempo passa, mais perguntas surgem e a falta de respostas só acumula, a insegurança dificilmente vai embora e a vida vira uma sequência de erros onde é mais fácil acertar na mega do que saber o que fazer daquele ponto em diante.

Será que se sentir perdido não tem faixa etária pra acabar ou só dei a sorte de conviver com as pessoas mais perdidas do mundo?

Acho que essa é só mais uma pergunta pra entrar na lista das sem respostas. 

Então você só espera acertar, porque no meio de tantos erros haverá um acerto, assim como aquela agulha que embora perdida não perde a esperança de ser achada no palheiro. 


E de novo é só segunda-feira

Au revoir

Jessy McLovin

segunda-feira, 11 de março de 2013

Banana Pancakes

Be OK by Ingrid Michaelson on Grooveshark
Through this messy life I made for myself, 
heaven knows I need a little hope for a better day




Acho que sempre quis coisas demais na vida.

Queria ser mais corajosa e saber agir quando a situação pede. Agir como tinha planejado na minha cabeça, mas na hora sai tudo ao contrário. 
Queria comprar uma passagem só de ida.
Queria ser menos chata com as pessoas legais e menos legal com as pessoas chatas. 
Queria saber mostrar o valor que as pessoas tem pra mim sem sempre parecer tão torta. 
Queria ter menos raiva das segundas-feiras e nem sempre sentir tanto sono. 
Queria saber andar de bicicleta ou pelo menos saber assoviar. 
Queria não ter medo de palhaços, bonecas e do escuro. E queria conseguir atravessar avenidas movimentadas sem precisar segurar a mão de alguém. Porque sim, eu faço isso. 

Queria morar em uma casa com janelas grandes e uma sacada onde pudesse colocar minhas plantas. A Quitéria e a Clementine, porque todo mundo sabe que as plantas gostam de ter nome. 
Queria ter mais dinheiro pra gastar com discos e quadrinhos e queria não me sentir tão criança por gostar tanto de Batman.
Queria mais tempo pra jogar videogame e passar aquela fase ridícula que estou presa a dias. 

Queria gostar de café, talvez assim fosse mais fácil acordar todas as manhãs.
E falando em manhãs, queria mais dias frios de céu azul, sol forte, sem nuvens e o vento gelado. Daqueles que deixam a ponta do nariz vermelha. Mas pra se ter o Outono somos obrigados a aguentar as outras 3 estações. 

Queria tocar baixo como se fosse a coisa mais fácil do mundo ou talvez só aprender a administrar meu tempo. 
Queria ter menos tatuagens e ao mesmo tempo queria ter mais.

Queria ser menos infantil e saber a hora certa de fazer piada. Entender que não é só porque tudo esta errado que sou obrigada a transformar a vida numa festa, jogando um tapete gigante em cima de tudo.
Queria saber lidar tão bem com os meus problemas como lido com o dos outros. 

Queria cafés da manhã com suco e torradas ouvindo Jack Johnson e não só uma maquiagem borrada, uma roupa amassada e um café tomado as pressas que queima a boca porque sempre acordo atrasada. 

Queria abrir minha janela e não ver um prédio cobrindo minha vista. 
Queria que não entrasse água no meu tênis quando chove.
Queria comer menos doce e ser menos ansiosa. 

Queria ter paciência pra esperar as coisas acontecerem e não sair correndo como se não houvesse amanhã.
Queria ouvir menos músicas tristes que estragam o meu dia. Mas todo mundo sabe que isso não dá pra evitar e ouvir Jet no repeat é muito normal em uma segunda-feira de manhã. 

Queria escrever bonito igual ao Johnny Cash ou pelo menos saber como walk the line. 

Queria gostar do meu emprego e saber que stress não se leva pra casa. 
Queria usar menos redes sociais e ler todos os livros que estão pegando poeira na minha estante. 

Queria que minhas tentativas dessem mais certo ou aprender a lidar melhor com a frustração. 
Queria um pouco mais de sossego e que parasse de surgir problemas que não peço pra ter. 

Queria não ter a idade mental 2x maior do que a que mostra no RG ou pelo menos exteriorizar o que penso da forma correta e não simplesmente agir como uma pessoa de oitava série, porque isso é o oposto do que se passa na cachola. 

Mas as vezes queria ter 10 anos de novo e acordar cedo, sentar no sofá ainda com sono, de pijama e assistir desenhos. Porque só Deus sabe a falta que isso me faz.

Enfim, queria que a vida fosse do jeito que eu quero, mas todo mundo sabe que não é assim que funciona. 
Então só peço pra vida (que não costuma me ouvir) que em meio a tantos erros, ela me dê pelo menos um acerto, porque pelo menos assim saberei que estou no caminho certo, mesmo torto do jeito que está.

E é só segunda-feira. 

Au revoir
Jessy McLovin






Em homenagem ao comentário da Veri 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Cabelo a prova de balas

Não existe tratamento, creme, chapinha ou milagre que salve um cabelo da frustração.

Tenho certeza que não sou o único ser humano por aqui que desconta no cabelo frustrações da vida.
- Levei um pé na bunda: Bora fazer umas luzes pra superar com classe.
- Perdi o emprego: Bora fazer um corte novo pra dar sorte e começar a vida de novo.
- Conheci um cara legal: Bora mudar a cor em nome da nova fase.
- É segunda-feira: Que tédio! Bora cortar a franja!

O cabelo é na real o melhor psicologo que temos, ele esta pronto pra receber sem reclamações todos os seus problemas.

Temo pelo dia em que terei que usar uma peruca de tanta frustração que jogo em cima do coitado do meu cabelo, que nunca fez nada pra mim.
Ele já foi roxo, ruivo, loiro, muito comprido, muito curto. Já foi meio verde, um pouco azul. Vermelho, rosa... E não... Não passo nem perto de ser uma Ramona Flowers.

Não é uma questão de futilidade ou a simples e pura falta do que fazer (mentira, as vezes é só isso mesmo), mas se olhar no espelho e se ver diferente dá a impressão de poder começar de novo.
Temos essa opção todos os dias de nossas vidas, mas fazer isso com um visual novo da um empurrão mais que necessário.

Você pode comprar roupas novas, sair com pessoas diferentes, andar em lugares diferentes, mas se o cabelo estiver igual... Desculpe, mas você não completou 100% da nova fase pra chegar até o mestre.


As vezes falta algo lá dentro de nós, mas é só a falta do novo, a falta do tentar, a vontade de arriscar (sem saber se o resultado vai ser ou não positivo). Ele é só nosso cabelo, só a nossa armadura exposta para quem quiser ver, mas no fundo é ele quem nos ensina que erros podem acontecer, mas um novo dia virá para novas tentativas.

Um dia a gente acaba acertando e se a coisa ficar muito ruim é só investir em uns cremes.




Texto por @JessyMcLovin e Carolina Bizzi
P.S. da autora: Sim! Estamos de volta! ( e pedir mil desculpas pela demora ajuda ??!?)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

call me when I'm sober


Ouvi dizer que palavras de um homem bêbado são os pensamento de um homem sóbrio e acho que tive a prova disso.

Eu não sou uma pessoa que costuma beber, mas tudo sempre é possível.
Essa semana fui à uma festa e por beber um pouco demais acordei sem lembrar de algumas coisas e uma dessas coisas foram alguns rascunhos que escrevi no meu celular. 
Ai vai...




Você me lembra manhãs de sol e canções do Lou Reed.
Perto de você só tenho a certeza de que nada é certo e que o conforto já não faz mais parte de mim.
O mundo gira rápido demais. Talvez sejam todas essas luzes e a música alta. Talvez seja a sua presença que me desconserta ou talvez seja só a bebida.
O caminho é incerto demais para dizer que você vai estar na curva a frente e que talvez a saída seja me perder para te encontrar.
A fantasia de hoje não é um véu branco.

Você me lembra dias de sol com chuva. Eu sei que está bonito lá fora, mas prefiro não sair e me molhar.
Eu queria fazer uma poesia, mas seu nome não rima.



Um viva para sms não enviadas (e um minuto de silêncio pelas enviadas), pensamentos perdidos, palavras não ditas e coragem que falta.
Em terra de bêbado, quem tem memória é rei. 

P.S.: Mas a falta dela é uma dádiva divina.

Jessy McLovin

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

You Have Killed Me

Because if it's not love, then it's the bomb that will bring us together


Você já sentiu um amor maior do que qualquer palavra pode explicar?
Do tipo que toma conta de você, do seu humor, do seus dias, de tudo que rodeia a sua vida?

Eu tenho um amor desse tamanho, mas não estou falando da minha família ou dos meus amigos.
Estou falando do amor por algo diferente, ele está por todos os lados da minha vida, no meu corpo, no meu quarto, nos meus ouvidos, no meu coração.


Era uma vez um presente que ganhei no meu aniversário de 15 anos, um cd. Talvez vocês o conheçam...

The Queen Is Dead - 1986
Não esperava muito dele. Já tinha ouvido falar da banda antes, mas nada que tivesse chamado minha atenção, eu era bem jovem e não tinha aprofundado meus conhecimentos sobre eles. Mas não reclamei mesmo assim. Meu cunhado (quem deu o presente) garantiu: " - Tenho certeza que você vai gostar. Hoje sou capaz de pensar que ele sabe prever o futuro.

Não sei dizer o que aconteceu, foi amor ao primeiro play. Sim, eu estava perdida pra sempre e sem chance de qualquer salvamento, mas naquela época ainda não sabia disso. Não sabia que esse amor ia crescer tanto.

Comecei a ouvir todos os dias e quando percebi já estava com 21 anos e tinha adquirido tudo que Smiths e Morrissey já haviam lançado.

Eu poderia passar dias tentando explicar o tamanho do meu amor por cada música, mas é um sentimento tão único, tão pessoal, tão profundo, que só se você amar uma banda nessa proporção conseguiria entender.
Muitos acham isso besteira e cada um tem a sua razão. Mas da minha razão entendo eu.
Sei que já escrevi muito sobre isso. A verdade é que nunca me canso, espero que vocês também não.

Ainda não acredito que vivi um sonho, daqueles mais impossíveis quando me encontrei em um show do Morrissey em março de 2012

Vocês nunca me verão com uma cara mais idiota do que essa
Detalhe pra camiseta que eu fiz
Pensei que esse dia nunca chegaria e se minha amiga não estivesse comigo pra me provar a verdade, eu ainda estaria aqui hoje sem acreditar.

Você estar diante de alguém que te acompanhou por tanto tempo e foi a trilha sonora dos melhores momentos que você consegue lembrar. Alguém que você esperou por tanto tempo, que você gastou quase um mês de salário só pra passar uns tantos minutos na presença dele.



Mas há pouco tempo a coisa ficou complicada. Como todo bom fã de Smiths, todo mundo que gosta sonha com eterno retorno da banda que parece que nunca vai acontecer.
E por fim virou verdade, eles iriam voltar em 2013!!! Mesmo que só para alguns shows.

Please Let Me Get What I Want by The Smiths on GroovesharkPorém foram só rumores que encheram de esperança um coração bobo, para depois ser mais uma mentira.



Eles começaram em 1982 e acabaram em 1987. Sem tempo para nos dar qualquer decepção.
Foram álbuns perfeitos. Cada um do seu jeito. Mas como tudo que é bom acaba e geralmente dura pouco, eles também chegaram ao fim.
Desde então, todos os integrantes ainda vivos, pseudo-velhinhos e vivendo de música  insistem que nunca mais vão voltar a tocar sobre o nome de Smiths.



Sinto pelos tem esse amor por Clash, Ramones, Johnny Cash ou Elvis. Que tem uma idade próxima a mim e não poderão realizar o mini sonho da vida.

Sinto porque os anos 80 passaram batidos por mim e levaram os Smiths com eles.

Sinto em nome de nós, que nascemos na época errada e temos que nos contentar com os fantasmas ao redor da vitrola.


Continuem sonhando com suas trilhas sonoras
- @JessyMcLovin

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Bobby McGee

The boy's a time bomb

Drunk by Ed Sheeran on Grooveshark


Ele reclamava da rotina, mas já não sei dizer se tinha medo dela. Sobreviver a dias iguais não era o seu forte. 
Queria barulho o tempo todo, queria shows do The Clash, mas nascerá na época errada. 
Podia passar pelas mesmas ruas todos os dias, mas cada vez passava diferente. 

Roupas rasgadas e tênis sujos, cabelo desarrumado e o copo sempre cheio. Nos dias que não haviam festas o mundo parecia mais sério. 

Vivia sem sequência e sempre estava em algum lugar diferente. Não entendia como a vida conseguia seguir por tantos anos com os dias sendo os mesmos.

Pelos dias de calor não tinha muito apreço e nem gostava de ficar muito tempo em casa. Passava mais tempo fora do que conseguia calcular.


Queria fazer tantas coisas, talvez até escalar uma montanha ou chegar ao fundo do mar. Queria viver a vida como se ela fosse acabar a qualquer momento, mas que de algum jeito durasse para sempre. 

Todos os dias acordava cedo para trabalhar, mas se segurava na esperança de um dia ter a mesma coragem que Alexander Supertramp teve, mas sem o final triste. 

Ele podia se passar por só mais um, mas jamais seria igual. 
Sentia saudade do que nunca viveu e dos lugares onde nunca foi.
Teria dançado na lama do Woodstock e cantado ao som de Jimi Hendrix se a chance lhe tivesse sido dada, mas sua idade só lhe permitiu a nostalgia dos lugares onde sonhou muitas vezes estar.


Ele era assim, tão previsível quanto a tempestade por chegar.
Você dificilmente iria cruzar com ele por seus caminhos, mas de algum jeito iria conhece-lo.

The boy comes and go. Se desse sorte teria uma boa trilha sonora ou dias sem assunto. 
Se desse azar, pelo menos ele nunca prometeu ficar.



Ele fazia piadas sem nem te conhecer e sempre oferecia uma cerveja. Você acabaria por se identificar mesmo sem ter nada em comum e discordar tendo o mesmo ponto de vista.

Aqui jaz a calmaria e lá ainda vive o garoto bomba relógio.



Jessy McLovin

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Into The Wild

Such is the way of the world
You can never know
Just where to put all your faith and how will it grow

Rise by Eddie Vedder on Grooveshark


Eu acho que não nasci pra vivenciar mudanças, embora faça parte delas.

Até ontem eu ainda tinha meu avô, um corpo sem tatuagens, um cabelo da cor natural, irmãos solteiros, muitos amigos e só precisava me preocupar em não repetir de ano e não perder nenhum episódio de Dragon Ball Z.

Hoje as preocupações aumentaram, as contas chegam em meu nome, não tenho mais um avô pra chamar de meu, sobrinhos correndo atrás de mim e apertando meu nariz, amigos que posso contar em uma única mão, um trabalho me esperando no começo do dia e mais tatuagens do que gostaria de admitir.

Nós sempre reclamamos que nada muda, que por maior que seja o esforço que você faz, tudo permanecesse sempre igual. Porém se você olha para trás nada está onde você deixou.
Amigos, família, emprego, aquele amor...


Antes havia tempo para tudo e todos conseguiam se encontrar. Hoje você precisar procurar um horário na agenda até para ouvir aquele disco novo que você comprou há meses. 
De repente não se tem mais assunto, não se anda mais pelas ruas que antes faziam parte do seu caminho, não se encontra mais as pessoas que antes faziam parte da sua vida. 
A foto que ontem era atual, hoje é velha. Os amigos que antes não tinham nem barba, hoje já tem filhos. 

Ainda não consegui entender a parte boa do tempo. Eles nos afasta, nos envelhece, nos tira uns dos outros, leva embora quem a gente quer que fique, estraga as nossas coisas bonitas. 
Talvez eu precise de tempo para descobrir sua beleza. 

Quando você para um pouco, para lembrar das coisas que se passaram, aquela memória linda, daquela noite bonita de lua na praia, você descobre que se passou um ano, talvez dois. 
Você lembra daquele amigo que tem saudade e descobre que fazem dez anos que não se veem. 
Aquela música que era a sua favorita, hoje soa engraçada e você se pergunta como conseguia gostar tanto dela.

Aquele amor do jardim de infância, do colégio, hoje só é parte de uma lembrança meio quebrada, meio turva.

Você acaba se tornando nostálgico mesmo sem querer. Porque as melhores coisas da vida já passaram. 
Novas aventuras virão e em breve essas novas já não serão mais tão novas e você as colocará na prateleira do que foi bom. 

O que é ruim a gente esquece. 
Acho que essa é a uma das partes boas do tempo. Ele se encarrega da responsabilidade de levar embora o que é ruim. 
Lembramos tanto do ruim, que quando tentamos lembrar de novo já se tornou tão incerto que você se pergunta como aquilo realmente aconteceu. 
O tempo guarda em sua caixinha todas as partes terríveis e promete só abrir de novo se você pedir. 

Eu me pergunto quase todos os dias como vim parar aqui, no dia de hoje, sendo como sou. 
Pois o planejado ficou só no papel. 
A felicidade vem e vai e quem importa sempre fica. A conta no banco continua ruim e a criatividade também. 
Ainda preciso da minha mãe para conseguir dormir toda vez que fico doente e meu pai ainda briga comigo por eu não saber dirigir. 
Ainda não sei assoviar, nem andar de bicicleta. 
Ainda choro de saudades do meus avós e ainda tenho a parede cheia de posteres. 
O rg continua dizendo que estou aumentando minha idade, minha cabeça continua velha e meu coração continua sendo da década que passou antes de eu nascer, meus sonhos continuam quase os mesmos e as ideias ainda teimam em nascer. 

Talvez nosso erro seja pedir demais por dias novos e diferentes, quando o que mais precisamos são dias exatamente iguais. 




- Jessy McLovin

terça-feira, 26 de junho de 2012

But I know I'll see your face again

Para: O cara inconsequente que insiste em ser incrível.

The Drugs Don't Work by The Verve on Grooveshark


Tenho vontade de te salvar.

Te salvar de você mesmo, desses dias que te engolem.
Fazer pra você andar em cima um caminho de tijolos amarelos para que nunca se perca.
Queria trazer sol para os seus dias, só para levar essa nuvem que te cobre embora.

Queria te mostrar para todo o mundo e te levar para longe. Encher sua cabeça das coisas mais bobas que alguém possa inventar, assim você pensaria menos.

Queria que a vida fosse mais colorida e menos triste e que sua maior viagem fosse em um avião para aquele país que um dia fizemos planos de ir.

Queria que você tivesse mais motivos para fazer a coisa certa e que pensasse mais no amanhã ou que segurasse minha mão antes de pular.

Queria prender teus pés no chão, mas jamais te impedir de voar.

Queria que a brisa que batesse em você fosse a do mar.

Queria que você desenhasse mais no papel e menos na pele.

Queria saber que posso acordar pela manhã sem o medo de você não estar mais lá.

Queria que você se importasse.



- Jessy McLovin

segunda-feira, 25 de junho de 2012

extra pillow.


porque somos um pseudo-casal. 

Somos cúmplices. Dividimos uma cama de solteiro, a conta do bar e histórias. Gostamos de cachecóis, filmes do Tarantino, tatuagens e Coldplay. Enquanto eu cozinho, você escolhe alguma música pra escutarmos – e às vezes, acaba escolhendo aquela música que eu tenho tatuado – e seu frango empanado é melhor que o da Palmirinha.
Ouvimos Metallica e Lana del Rey (sem vergonha) e quando estamos bêbados (ou apenas felizes demais) cantamos algum sertanejo. Dançamos na cozinha, no bar e rolamos pela cama de solteiro. Você é o melhor nos dardos e eu a melhor no twister. Brigamos e muito, e sabemos que sem brigas não teria graça.
Nossas próprias piadas, nossas manias e nossa rotina, que nunca é chata. Nossos maços de cigarros, nossas risadas que são únicas e as histórias que você conta que sempre são engraçadas ou com um final muito doido.  Meu falatório que ou te irrita ou te faz morrer de rir. O modo como cuidamos um do outro quando a gripe ataca, como nos abraçamos e ah... Como nos beijamos. Tudo é único. Somos únicos, arianos, eu santista e você são paulino.
Seu cabelo (lindo, é claro) que sempre sofre quando invento de fazer uma trança, meus cílios que você ama, suas costas bonitas e minhas pernas bonitas. Sua barba ruiva e meu cabelo enorme.
Você não finge gostar de alguma coisa só porque eu gosto, e eu não finjo interesse quando você passa horas e horas vendo lutas anteriores do UFC.  Madrugadas em claro conversando sobre as coisas mais íntimas de nossas vidas, a força que você me deu quando minha vó foi operada e o apoio que te dei quando você quis mudar de país.
Gosto da sua polo cinza e de como as cores combinam com você. Você gosta quando uso salto e da minha camiseta verde da Marvel, que eu nunca vou usar porque é verde.  Gosto da sua família e das suas cachorras, você gosta da minha família e do meu primo de 4 anos que acredita que é o batman (ou babão, no inglês dele). Tudo funciona muito bem entre nós, na cama, na cozinha e até comendo sushi com você me ensinando a usar aqueles palitinhos.
Temos medo de fantasmas, principalmente depois de ver “Atividade Paranormal 3” no cinema e ficarmos sozinhos no apartamento. Você não tem medo de bicho algum, eu por outro lado, faço escândalo quando vejo uma barata. (Em um apocalipse zumbi você seria o herói).
Somos insuportáveis, teimosos e preguiçosos, mas sabemos ouvir e ajudar, sempre. Nossas conversas sobre filmes, seriados e música (confesso que adoro quando você me elogia dizendo que entendo muito de cinema e música , mas você entende mais de Game of Thrones do que eu).
A maneira como você me apresentou para todos seus amigos, a maneira como você segura minha mão e como se preocupa com minha saúde.  Não falamos sobre política, mas temos a mesma opinião.  Eu não sei andar de bicicleta e você não sabe nadar. Bebemos muito, comemos muito e odiamos acordar cedo.  E falamos ‘eu te amo’ em situações inusitadas, choramos (eu mais, é claro), dormimos abraçados e acordamos com os cabelos em pé. Mesmos sonhos e planos. Terça-feira é o nosso dia predileto da semana, assim como lasanha está para comida predileta e cerveja para bebida predileta.
O final de semana mais bonito na cidade que dá pra ver o mar mediterrâneo, a última manhã de 2011 deitados no sofá, assistindo “O Chamado”. O primeiro eu te amo de 2012, primeiro beijo e primeiro sorriso.
E continuamos juntos, mesmo enfrentando um oceano de distancia. Amar é isso, é sentir saudade e ao mesmo tempo sentir a presença um do outro, é chorar lendo uma declaração via facebook, é falar eu te amo todas as noites baixinho pro travesseiro extra que está na nossa cama de solteiro.
Amamos o que somos e o que temos. Somos únicos, cúmplices e existimos.

p.s. GIGANTESCO da narradora:
“Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano... Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. (...)Você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome(...).
O Jabor escreveu uma crônica sobre nós (sem pedir, obviamente).

Estou feliz, sorrindo banguela pra todo mundo. E esperando você com meu vestido de leopardos (que pra mim, continuam sendo dinossauros), com as pernocas de fora e com cerveja na geladeira. 

We can do anything,
Priii (sim, eu voltei).