quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Here comes the sun





Ela ainda não sabe, mas em exatamente três meses irá conhecê-lo.

Ele será diferente de muitos garotos e terão muito em comum.
Falarão sobre música, preferências e sobre a vida.
Ela fará muitas perguntas bobas e ele sempre irá responder com muita paciência.
Eles terão a mesma idade e moraram em cidades diferentes.
Irão se falar quase todo dia e com o tempo vão se acostumar a idéia de que serão grandes amigos.
Ela irá mudar o corte de cabelo e ele crescerá muitos centímetros.
Ainda usarão all star e jaqueta nos dias frios e terão o mesmo tom de pele.
Eles irão falar pouco sobre as pessoas que convivem com eles, mas falarão muito sobre si mesmos.
Ela gostará muito dele e pensará nele muitas vezes no dia.

Com o passar do tempo terão um pouco mais de idade e surgirá a insônia. Tomarão café e se falarão um pouco menos e por fim chegará 2007, quando perderão contato.

Ela terá uma vida feliz e cheia de bons amigos. Ele irá ter algumas namoradas e cortará o cabelo, até que não saberão mais nada um do outro.
Ela vai lembrar dele várias vezes durante a semana e vai desejar que ele esteja bem.
As vezes vai se perguntar porque não se falaram mais ou se ele ainda lembra dela.

Conforme o tempo for passando só existirá uma vaga lembrança daquelas conversas que costumavam ter. Até que um dia a saudade no coração dela falará tão alto que ela tentará conversar com ele apenas mais uma vez.
E quando 2010 finalmente chegar eles voltaram a se falar.
Vão relembrar tudo e tentarão matar a saudade contando tudo o que aconteceu nesse tempo que ficaram distantes.
Será divertido e ela se sentirá feliz por ele ter voltado a seus dias.
Como estarão mais velhos e com novos pesos nos ombros tudo o que tinham em comum se multiplicará e se perguntarão porque ficaram tanto tempo distantes.

De tanto conversarem ela descobrirá que ainda gosta dele.
Ele terá mudado mais do que ela pensava. No lugar da jaqueta rotineira ele carregará tatuagens e um cabelo muito mais curto. Ela carregará tatuagens novas, porém os mesmos tênis surrados ainda a acompanharão.

Ela logo saberá que no começo da primavera ele irá visita-lá.
Que a saudade foi grande demais e a presença da ausência não foi forte o suficiente para mantê-los longe.
Eles irão se perder no centro de São Paulo e todas as amigas dela vão adorá-lo.
Vão acordar tarde demais e perder a Fórmula 1 no domingo de manhã mas assistirão o futebol mais a tarde.
Ele tocará 'Just Breathe' no violão e contará muitas estórias. Assistirão Cassino Royale, pois ela só entenderá o filme se ele explicar as cenas.
Ele tentará ensinar ela a tocar 'Wish You Were Here' enquanto ela se esforçará para conseguir fazer apenas uma nota.
Das tardes de primavera ele terão memórias e não mais lembranças de cenas que nunca aconteceram.
Discutirão sobre 'De Volta Para O Futuro' enquanto ele contará que tem uma coleção enorme de miniaturas e que em dias de insónia ainda brinca com elas e ela brigará com ele toda vez que ele acender um cigarro.

Ele sempre terá medo do pai dela e sempre será gentil com a mãe e a irmã dela.
Farão casinha de waffles e a única discussão que irão ter será sobre qual sabor de pizza pedir.
Ela fingirá que torce para o time dele em dia de jogo e ele assistirá aos filmes ruins que só ela gosta pra fazê-la feliz, mesmo sabendo que ela sempre dorme no final.

E ela gastará quantas horas ou dias forem necessários até conseguir escrever um texto bom o suficiente para contar tudo isso quando cada uma dessas coisas acontecer, só para ver ele sorrir lendo algumas das linhas.

Logo eles saberão de tudo isso.

O que eles não sabem é que em exatamente três meses o começo desse primeiro capítulo completará 6 anos.


Farewell my good fellas
@JessyMcLovin

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

she & him


your lips touching mine in the photobooth.



Eles não sabem disso, mas estão apaixonados.
Eles não sabem, mas acordam e dormem juntos todos os dias. Ela imagina todos os dias conversas pelo telefone com ele. Ele pensa nela enquanto se afunda em pilhas de papéis no escritório.

Ele é calmo, ponderado. Ela não, ela chega explodindo emoções, falando sem pensar. Ele gosta desse jeito dela, e ela gosta de poder ser assim com ele. Ele gosta do humor dela, sarcástico, mas nunca arrogante. E ela gosta do jeito que ele vê graça nas coisas mais sérias. Escrevem cartas um para o outro que nunca são entregues, falta tempo e coragem.

Ele idolatra aquele que ela odeia. Ela gosta de se apaixonar por ele quase todos os dias. Os livros dela carregam a presença ausente dele e as músicas dele carregam a presença ausente dela. Ela sonha com ele. Ele imagina situações com ela.

Ele amou primeiro, ela em seguida.

(Mas ele sabe que ela nunca quebraria seus vinis por ele. Ele sabe disso, e não faria o mesmo por ela. O gostar um do outro vai além de pedaços de vinis pelo chão.)

São compatíveis na política, mas não no futebol- o que gera discussões que ele adora. Ele nas horas vagas torna-se o herói dela, tirando-a do tédio ou de perto de qualquer um que lhe queira mal. Ela por outro lado, causou uma revolução na vida dele e gosta de pensar nele como o garoto que ela conseguiu mudar, pra melhor e somente pra ela. Ele escolheu uma música para sempre se lembrar dela. Ela todas as noites antes de dormir inventa histórias com ele. Ele gosta de Coca-Cola e ela de Heineken. Ele gosta das tatuagens dela. Ela gosta dos óculos escuros dele. Ele gosta do jeito que ela escreve. Ela gosta do jeito que ele fala.

Ele faz o papel de sonhador e ela continua com os pés no chão. Ele sempre pergunta como foi o dia dela e ela gosta do jeito como ele fala do avô dele. Ele descreve um futuro para eles e ela se figura nesse futuro sem dificuldades.

Não fazem promessas, nem rotinas, nem ligações e muito menos poemas. São superficiais, altruístas, gostam dos mesmos livros, filmes e bandas. Possuem as mesmas manias. Sofrem pelos desencontros e sabem que poderiam muito bem se odiar.

Não sabem amar normalmente.
E nem querem.
E assim sem saber, ele e ela possuem um relacionamento. Ele na cidade que os vagalumes dançam a noite e ela na cidade das luzes ofuscantes.

p.s. da narradora:
você me deve uma dança.

Continuem bonitos na primavera,


Pri Gordon.

- @PriiiG

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Eles




Se você fica com marcas de sangue pisado ao redor dos olhos Eles não perguntam se você esta bem.
Se você chora a noite toda por algum motivo inteiramente seu Eles não secam as suas lágrimas.
Se você deixa uma gota de molho cair na sua camiseta branca Eles vão olhar pra você.
Se você não for bonita o bastante você nunca será aceita por Eles.
Se você gosta de música que não seja a deles, Eles jamais te escutarão
Se você nunca transou Eles jamais te respeitarão
Se você é inteligente demais logo Eles notarão
Mas se você for burra o suficiente logo Eles te usam e te jogam fora
Não adianta correr e pedir uma segunda chance, Eles não têm tempo pra você.
Precisam de sangue.
Sangue novo.
Carne nova.
Novatos.
Novatas.
Adolescentes que clamam por atenção.
Por aceitação.
Esqueça cara, Eles nunca serão seus amigos.

E acredite, você nunca esteve melhor com Eles.


Cheers
@Kuro_N3ko

Cinco em Um





Era segunda feira, dia 27, o retorno pra casa de um final de semana que poderia ser resumido em poucas palavras, mas não poderia ser explicado nem pelos maiores estudiosos.
Estava nublado como de costume, seu carro andava bem e a viagem parecia longa, por mais curta que fosse. Era a ansiedade, a dor, a felicidade, tudo em apenas um lugar... ou talvez dois.
Sobre ela já não sabia, pois cortaram contato a pouco e tudo parece novo por mais antigo que fosse.
Querer chegar em casa não era seu desejo, mas precisava para poder conversar com ela e avisar que chegou bem. Até respirar parecia difícil. Dirigir tornou-se algo repulsivo, queria largar logo o volante. A imagem ainda lhe bagunça o cérebro, era ela dormindo. Como uma tatuagem, ficaria ali pra sempre, mesmo esperando dormir por toda vida com ela.
A certeza era maior a cada música tocada no rádio. Antes eram uma ou duas que lhe faziam lembrá-la, mas agora eram todas.

Eles se conheciam a algum tempo e “amor” não estava no vocabulário de ambos. Tinham tanto em comum. Os olhos sempre um no outro. Aquele olhar tornou-se diferente nesse final de semana, pois era real e não tinha um vidro fazendo a longa divisão. Parecia história de filme ou poemas de gaveta. Calor num dia cinza. Era a temperatura alta que fluia quando os dois se encontravam.
Um sonho realizado, o beijo que faltava, o ponto final de um capítulo. O longo e primeiro capítulo.
Um fim de semana, todas as certezas e todas incertas.
Bebidas, cigarros, música, poemas e o silêncio. Cada um sabia o que faltava e aí que nova palavra foi adicionada aos seus dicionários. Aquela do antes: amor.
Cinco anos resumidos em dois dias.
Um amor que não se pode resumir em 200 anos.







o Decepção recebeu agora a visita do @Lian_Lee que escreveu esse texto especialmente para a nossa casinha.
Hope you guys enjoyed it, because I really did.
Cheers good fellas
@JessyMcLovin

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Beijei Adão


E ele me deu a porra de uma maçã II


Adão tem mais de 25 anos, mora com os pais, seu melhor amigo tem 16 anos, gosta de música boa e tem uma vitrola. E eu gosto dele.

Conheci Adão naquele bar que a bebida é cara. E Adão estava encostado na parede com ar blasé, não dançava, nem bebia, cantava as músicas pra si mesmo. E por uma dessas interferências do destino, começou a tocar Ask da The Smiths e eu comecei dançar enlouquecidamente e, foi assim que Adão depois da música falou pra mim que nunca tinha visto alguém tão feliz por escutar The Smiths ali. E foi assim, que nosso romance começou.

Ele gosta de quase tudo que eu gosto e do que não gosta ele critica e muito, o que por muitas vezes me deixa louca, mas ai ele vem com um desses depoimentos que só ele sabe escrever e fica tudo bem.

Tudo está sempre bem quando estou com Adão, ele pode ser chato com meus amigos, mas comigo ele não é. Somos tão parecidos, mas eu acreditava que ele nunca me olhava como eu queria... me via apenas como uma boa amiga.

Até que esses dias Adão apareceu por aqui sem avisar.

(Ele toca a campainha, passa a mão nos cabelos e parece nervoso. Eu abro a porta e fico surpresa por ele estar ali, mas antes de eu perguntar o motivo dele estar ali, ele diz que sente muito por estar assim tão atrasado. E eu não entendo o que ele quer dizer até que ele me puxa pra mais perto dele e diz que tinha sido um tolo por tudo. E Adão me beija)

Adão me beijou.

E tivemos aquela conversa sobre termos sido tão cegos em relação a tantas coisas, e sobre ele ter sido um bobo por ter me abandonado por um ano quando viajou para fora do país. E nada foi estranho, sentir Adão tão perto de mim foi a mesma sensação que sempre tive quando me figurava em histórias com ele. E ele gosta de mim, mesmo eu não me importando com muitas coisas e gostando de The Strokes. E sendo tão inquieta e consumista. E não me importa ele gostar tanto de outro país, não ter uma boa altura e ser tão arrogante às vezes, porque no final de tudo, de todas nossas brigas e todos os adeus, ele sempre volta pra mim. Em forma de música, de filmes ou de noites.

Ele acabou de dizer tchau, dizendo que vai comprar discos enquanto eu trabalho.

Vai lá Adão, compre alguns discos e volte pra mim.

Volte.

p.s. da narradora:

adão, a gente te ama.


Spending warm summer days indoors,

Pri Gordon.


- @PriiiG