quinta-feira, 22 de julho de 2010

Um post...

Eu postei esse texto a pouco tempo em outro blog e por algum motivo senti vontades de colocá-lo aqui.
O post chama-se "Você não mora mais aqui". Espero que gostem...





Começo esse post repetindo:Você não mora mais aqui.

Eu nunca pensei que a vida te afastaria de mim desse jeito, mas foi exatamente o que aconteceu.

Eu, na verdade, nem sei o que aconteceu. Fico pensando, pensando e no fim me proponho a esquecer já que não adianta nada remoer uma situação dessas.

Que situação? Deus, o que aconteceu?

Você estava aí e de repente não estava mais.Começou a fazer coisas que são tão atípicas suas, começou a me magoar com suas atitudes e pareceu de propósito. Juro que pareceu ser de propósito. Seus recados tão escassos apenas me comunicando como se não fosse nada demais "Olha estou ferindo você, mas foda-se." seus telefonemas(que telefonemas?) sua presença (que presença?) e aquele espanto meu, aquela decepção. O que sobrou de você? O que fez você fazer tudo aquilo?

Admito que a culpa não é só sua. Não estou dizendo que você é uma má pessoa. Jamais diria isso, pois você é uma ótima pessoa, mas de repente essa maldade toda me envenenou. E é, exatamente, assim que me sinto.Envenenada por você, pela sua lealdade quebrada. Meu espanto tornou-se horror e o horror transformou-se em apatia.

E é por isso que apenas tentamos uma aproximação que não acontece. Parece-me que estamos forçando algo. O nosso sentimento era tão natural e agora nós somos pessoas desconhecidas.Eu penso que talvez deveriamos começar do zero, mas eu preciso de um tempo longe de você e acho que quanto mais o tempo passa mais distante ficamos.

Vejo, então, que estou em uma encruzilhada. Forçar nossa amizade está nos afastando e ficar longe nos afastará do mesmo modo então... Eu não sei o que fazer.

Quem dera eu soubesse o que fazer!






Sejam bonzinhos.





Espero que fiquem bem...

Tika Ripper

quarta-feira, 21 de julho de 2010

De pseudo nem um pouco.

Só quando atacamos de escritores é que vamos descobrindo os talentos para todo tipo de gostos que existem por ai.

Nesse post: Apenas um dos poemas do - Everton Madeira

Hope you guys enjoy it.
xoxo
@JessyMcLovin



Em busca da felicidade (ou algo que a faça menos valiosa)

E há ainda aqueles que dizem
Que é simplória a felicidade
Na tristeza é que eu enchergo algo simples
Ausência da alegria

Paredes brancas é tudo o que vejo
O livro da capa vermelha é meu único amigo
E mesmo com o atípico gosto pessoal
Morgana ainda assim prefere a monocromia
Sou apenas mais um a dizer:
Quem diria!

Metanóia não é algo que todos alcançam
Como para alguns passado é passado
Pra outros, o que reina é a nostalgia

E por falar em coisas efêmeras
Talvez eu cite o eufemismo
Um truque a se usar
Em triunfantes horas de cinismo.

No final o que vale realmente a pena
É ver que os coelhos
Usaram mesmo os dois tiros
E a recompensa a se ganhar
Não é só sangue;
E nem mesmo o vinho.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Amigos queridos

Esse blog foi feito a partir do pensamento de três amigas que cansadas de tantas desilusões resolveram juntar todas as decepções em um espaço só.

Três amigas.

Essas três amigas têm mais muitos amigos e são tão dependentes do dia da amizade como se ele fosse um aniversário que o grupo tem em comum. Digo aniversário porque hoje eu acordei com essa sensação de querer fazer uma festa. Quem me conhece sabe que odeio festas, mas hoje, em especial, queria uma festinha cheia de balões e docinhos e queria juntar todos os meus amigos e abraçar um por um.

Eu sei que é um clichê dizer isso, mas o que seria de mim sem vocês? Será que eu teria me vestido bem para ir naquela festa se não fosse por você, Drica? Em quem eu teria me apoiado quando aquele garoto me desprezou e escolheu outra, Dai? Será que eu ouviria Cachorro Grande e dançaria feito uma louca se não fosse você, Jessy? Será que as coisas mais bobinhas teriam tanto significado para mim se não fosse você, Pri? Eu saberia que é a partir dessas coisinhas que as pessoas são felizes? E você, Madeira? Meu amigo, meu amor... O que seria de mim se eu não houvesse te conhecido?


Vocês são a extensão de quem eu sou, vocês são as minhas pessoas queridas. Nada que eu puder escrever aqui definiria ao certo todo meu amor, carinho e lealdade por todos vocês.

Amigos queridos, eu amo vocês!


Ps: Este texto não chega nem aos pés do último texto desse blog que trata do mesmo assunto( nem poderia ser melhor já que quem escreveu foi uma das 'minhas pessoas queridas') . Eu só sei que é meu dever mostrar a todos dessa 'casinha' a minha gratidão por ter bons amigos na minha vida. É por causa deles que eu acredito em Deus e também acredito em mim mesma.


Sejam bonzinhos.

JJP

a aventura está lá fora



mmmbop, ba duba dop


Porque mudamos. Porque partimos e voltamos. Porque os lugares não são os mesmos, assim como nossa idade no rg. Porque duas horas no trânsito ou dentro do trem mata qualquer vontade de querer ir pra DJ Club. Não temos mais tarde para perder fazendo bolos e preparando festas surpresas, comemorar num bar é mais prático. Não existem mais sextas assistindo cento e dezenove filmes na minha sala, hoje é um cinema durante a semana. Porque não gostamos mais da mesma maneira que gostávamos antes. Todos os apelidos.
Todas as fotos. Garrafas de vodka, tequila e coca-cola. Latas de cerveja acumuladas no canto da casa da praia. Por que não vamos mais à praia?

Todas as pré-estreias que fomos, os filmes que choramos, criticamos e o ator que colecionamos fotos e notícias. Livros, filmes e cd’s compartilhados. Almoços e jantares, ou um lanche rapidinho. Doces e caixas do chiclete que ardia. Inocência. Tardes de sábado dentro da igreja. Cumplicidade. Estantes abarrotadas de mangás, livros, dvd’s e cd’s. Segredos guardados até hoje. E-mails pedindo desculpas, marcando cinemas, praias ou uma mera passadinha aqui em casa. Ataques nerd. Todos ouvindo Hanson e vendo Friends.


Minha antiga casa. O quintal. O morro.


As brincadeiras que nós incrementamos. Brigas, muitas brigas, que eram resolvidas meia hora depois. Imitações. Gargalhadas. Músicas. Churrasco. Danças em volta da piscina. Torta na cara. Guerra de beixiga. Nossas famílias. Beijos. Abraços. Natal. Ano novo. Violão. Banda. Perdas. Lágrimas. Cantoria.

14 anos. 15 anos. 16 anos. 17 anos. 18 anos. Eight night. Todos dormindo pelo chão da sala. Shows. Acordar ouvindo a mesma música do Bon Jovi. Tentar esconder e não conseguir. As histórias sobre nossos dias de escola contadas no café da manhã. Narguilé. Ligações das mamães preocupadas.


Atrasos. Nossos cabelos que não são mais os mesmos. A fase 1 que já se foi há muito tempo. Faculdade, trabalho e msn. Sair às sextas-feiras sabendo que trabalhamos no sábado. O “não” nunca existiu para nós. As manias. As nossas roupas. Onde foi parar aquele nosso all star surrado? Perdidos em São Paulo. Cantar The Strokes alto. Histórias absurdas contadas num ônibus.


Despedidas. Histórias frenéticas. Carteira de habilitação. Novos planos. Endividados. Presentes. Fazer nada juntos. Lembra do tempo que achar uma banda nova era a vida acontecendo? Hoje, nos encontrar é a vida acontecendo.

Onde a gente se perdeu? Por que o tempo nos afasta às vezes?

Não podia ser como na época que não fazíamos nada e eu morava mais perto e víamos todo mundo todos os dias? Era tão mais fácil, todo mundo reunido na pequena sala dos Cestaris falando ao mesmo tempo, rindo, enquanto uns pensavam sobre uma futura praia, outros num Hopi Hari, uns ficavam no computador vendo vídeos, outros tirando sarro e outros reclamando do calor.

Podíamos ser o grupo de amigos que nunca se afastariam por causa de novas prioridades. Mas é ai que está a graça, porque sempre voltamos uns para os outros quando é preciso.
Ninguém fala “eu te amo”, mas todo mundo sabe que nos amamos e que nunca na vida nos sentiremos tão bem como nos sentimos quando estamos todos juntos morrendo de sono jogados no sofá.
Porque somos necessários, porque só nós entendemos nossas piadas, nossos dilemas e histórias. E porque eu deveria saber terminar esse texto, mas ao invés disso, vou ali dar um abraço nas minhas amigas e dar risadas.



Stay Beautiful,PriiiG

p.s. da narradora:
Feliz dia do amigo (a) para todos esses indivíduos que fazem meus dias serem sempre melhores.
E impossível não pensar em “I'll be there for you when the rain starts to fall. I'll be there for you like I've been there before. I'll be there for you 'cause you're there for me too”



ouvindo: the strokes_

sexta-feira, 16 de julho de 2010

the last time i saw you


primeiro dia de aula.


Eu gosto de escrever sobre você, sinto que sempre tenho tanto o que falar sobre nós dois, nós que estamos fora da nação sem senso algum. Nós que não somos bonitos, nem gostosos, nem populares, mas com conteúdo... Não que sejamos mais inteligentes (qualé, olha nosso histórico escolar, nossas notas em matemática), mas as pessoas nos taxaram assim, porque não víamos razão para nos enturmamos nas rodinhas de shopping-bundas-sexo.
Então, apesar de tudo, eu ainda escrevo sobre você, eu sei que já escrevi que eu não gostava de você e nem você de mim, mas você sabe que isso é uma das maiores mentiras minha e eu não minto bem. Então, sim, eu ainda lembro de você e sinto falta de você quando quero falar sobre política.

Eu disse aqui que Julho seria um mês bom para todos nós, e acredito que esteja sendo... Claro, que na primeira semana eu já tive uma grande decepção, mas isso é história pra outro dia, não é algo digno para se contar nessa noite fria de julho.
Estava eu com a minha caneca do Superman cheia de chá quente, ouvindo Cat Power e precisando escrever alguma coisa que não fosse sobre o garoto do interior. Lembrei então de você e do nosso período longe um do outro nas férias de julho.

Foi estranho não te ver todos os dias, não ir à biblioteca e trazer uma pilha de livros pra você ficar dando sua opinião, não sentar ao seu lado... Mas é puro exagero, pois nos falávamos quase todos os dias pelo msn.
E ai as férias acabaram, agosto entrou abruptamente e eu ainda me lembro do primeiro dia de volta às aulas. A primeira aula era de geografia e estávamos no laboratório fazendo alguma coisa e eu tinha chegado atrasada, descabelada e com meu all star branco surrado. E você estava lá sentado com sua blusa verde e jeans surrado e eu não sentei ao seu lado, sentei lá no fundo com as minhas amigas.
A aula de geografia como sempre, se arrastou... E eu queria logo nosso canto no fundo da sala. O sinal tocou, eu muito atrapalhada juntei minhas coisas e joguei dentro da mochila e quando me virei você estava lá, daquele jeito desengonçado que só você sabe ser.
Soltei meu “e aí” clássico e você me abraçou, dizendo “saudade de você, broto”.
Você me abraçou de uma maneira que nunca tinha me abraçado, na verdade, nós nunca nos tocávamos. E eu que não sei abraçar pessoas gostei de estar abraçando você, porque era você, o meu amigo acima de tudo, o que gostava dos meus cabelos descabelados e das minhas camisetas de banda rasgadas.

Dia 23 vai fazer dois meses que eu te vi, naquele domingo frio, parado ali do outro lado da rua esperando o sinaleiro fechar. E eu estava descabelada e usando aquela bolsa que você adorava, e você me viu no meio dos carros. E você me olhou nos olhos, e seu olhar teve o mesmo efeito que sempre causou em mim, é como se ele entrasse na minha cabeça, visse tudo o que tinha pra ser visto e saísse, deixando apenas uma risadinha e uma bagunça. E eu sei que causei o mesmo em você, porque você desviou o olhar. E eu continuei olhando.
O sinaleiro abriu, os carros pararam e lá no fundo eu ouvia Cachorro Grande e você vinha andando em minha direção e eu sabia que poderia dizer “e ai” e você se lembraria de tudo, mas não o fiz. Vi o Marlboro acesso na sua mão esquerda e continuei a andar apenas mantendo o olhar em você e sentindo seu olhar em cima de mim. Mas quando nos passamos, eu não virei a cabeça. Suspeito que você também não. E aí eu sorri. Porque lembrei de tudo e foi fácil.
Lembrei das nossas conversas sussurradas atrás das estantes de livros na biblioteca, você me mostrando bandas novas, minhas baquetas que você roubava para fazer malabarismo, nossos depoimentos, nossas capas de caderno rabiscadas uma pelo outro e do seu silêncio, é, sinto falta do teu silêncio.
E sabe o que é melhor? É que eu não fiquei deprimida por lembrar de tudo, das nossas semanas juntos, nossas conversas infinitas sobre o nada, porque a sua lembrança agora é uma coisa boa, sua ausência não dói mais.
Viu como eu estou diferente por fora? Cortei meus cabelos, mas continuo descabelada e usando meus all star surrados, agora carrego uma tatuagem nas costas e vou fazer a do V de Vingança no ombro semana que vem e lembra que você sempre dizia para eu fazer o V em algum lugar do meu corpo?

Eu sou a mesma garota que você conheceu, a diferença é que agora eu atravesso a rua ao mesmo tempo que você mas eu não olho mais para trás para ver a sua reação e nem desvio o olhar.
E nem fico lendo e relendo nossos e-mails mais, agora eles ficam jogados lá minha caixa de e-mails esperando coragem o suficiente minha para apagá-los. Comecei a viver minha vida de novo há muito tempo. Você também não esqueceu. Mas como eu, continua vivendo sua vida.

E essa lembrança do nosso primeiro dia de volta às aulas, é e sempre será uma lembrança doce sua... Agora, nós dois já suportamos o espaço entre nós, certo? É a nossa última lembrança que tenho e espero que esse seja a ultima coisa que escreva sobre nós.

Vou lembrar sempre de você, quando eu cometer loucuras e filosofias, você vai estar lá, em algum lugar da minha mente. Você, seus cigarros Marlboro, seus impropérios, seus jeans surrados e suas manias desengonçadas.
Porque é exatamente essa a diferença entre você e o garoto do interior; ele é só um cara. Você não.
Te vejo por aí, broto.



p.s. da narradora:
ingredientes para inspiração numa quinta gelada: chá quente dentro da xícara do superman, se não tiver chá sirva vinho, mas aquele vinho que borbulha na garganta e te faz esquecer o que quiser.



Let’s get drunk now,
PriiiG

ouvindo: cat power_

terça-feira, 13 de julho de 2010

De boêmio a filósofo em segundos

É fato consumado que quando bêbados se encontram coisa boa não sai.
Mas também é fato que quando pessoas se reúnem em uma mesa com copos na mão, lá moram os segredos da vida.

Lá tem de tudo.
Alegria, tristeza, cálculos (não só na hora de pagar a conta), sentimentos, raiva, stress, risadas e a verdade.
Afinal uma pessoa bêbada é incapaz de ser falsa.

Isso costuma acontecer comigo com freqüência. Pois disponho de muitos boêmios em minha vida.
Cada um de um jeito.
Cada um de seu belo jeito de ver a vida.
Alguns são otimistas, outros nem tantos.
Alguns criam teia de aranha nos cotovelos por ficarem muito tempo encostados apenas bebendo.
Mas ainda assim, eles são as melhores pessoas que já conheci.
Muitos deles exageram, outros passam dos limites.

Alguns acham que o amor existe, outros que ele é uma mentira.
Alguns tiveram seus corações partidos e outros têm o seu coração longe.
Alguns nem mesmo tem um coração.
Alguns têm seu coração gigante, no tamanho de uma criança linda de 2 anos e meio.
Outros tiveram seu coração tatuado no pulso. Acharam que ia durar para sempre, mas o tempo provou o contrario.

Alguns tiveram motivo para desistir, mas continuam tentando.
Outros têm suas coisas em caixas, e alguns ainda dormem na casa da mãe.

Sentam juntos para conversar sobre tantos problemas, mas os pensamentos voam tão alto que acabam esquecendo sobre o que era a conversa.
É nessas horas que alguns admitem o mau gosto musical que tem, outros contam suas histórias e outros se tornam a alegria da festa.

Em uma mesa de bar você encontra o universo em segundos. Mas você não percebe isso, pois também está nela.

E como eu sei de tudo isso?
Eu sou aquela sóbria sentada no canto. Que nunca bebe o suficiente para fazer bobeira.
Aquela que segura na mão do irmão bêbado de 33 anos e o leva para casa pois ele ia pelo caminho errado.
Ou que carrega o pai bêbado até a barraca no acampamento pois ele perdeu o jogo e teve que beber tudo que tinha.
E que ri muito quando vê todos esses roncando pois beberam muito e que depois fica muito irritada por não conseguir dormir com tantas pessoas roncando do seu lado.
Mas também sou aquela que senta com as amigas e toma alguns shoots de tequila e canta musicas aos berros.
Que conversa com estranhos sobre HQ’s no bar. E às vezes não quer voltar tão cedo pra casa.


Não acho que bebida seja a solução e sim, acho que ela faz mal.
Mas se você acha que sua vida está repleta de pessoas ruins, sente em uma mesa de bar e entenda sobre o que estou falando.


Sua vida só será bela, quando você cruzar com as pessoas certas.


- Em homenagem as melhores pessoas da minha vida.
xoxo
@JessyMcLovin

domingo, 11 de julho de 2010

Trabalhando em um bom título

Após eu muito insistir, a talentosa Bia Paz (@Kuro_n3ko) escreveu uma fábula para fazer parte da nossa querida casinha.
Então aqui está sua criação.
Hope you guys enjoy it.
xoxo

@JessyMcLovin


"Tempo, tempo mano velho
Falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Tempo, tempo mano velho
(...)
Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final"



Tempo


De que adianta o “era uma vez” se o final não vai ser feliz mesmo? De que adianta toda uma narrativa cheia de floreios se o que na verdade eu quero dizer não é nada bonito?

Essa é a história de um romance que não deveria nunca ter acontecido.


O meu romance.

O romance com o meu Mago do Tempo.

A minha luta contra o relógio e contra o meu próprio metabolismo, contra os meus pelos, odores e sentimentos. Essa história não é a do tipo que vai mudar a sua vida ou te fazer refletir sobre a condição atual do mundo ou da sua vida amorosa, você provavelmente deve estar vivendo o seu sonho encantado com um príncipe que você acha que nunca precisa ir ao banheiro e provavelmente deve achar a vida uma coisa maravilhosa, um espetáculo diário e de graça.

Pense de novo queridinha.

O tempo passa e você vai ficando velha.

Velha e sem graça.

Mas tudo bem, você escolheu por continuar a ler certo? A desgraça de uns é a felicidade e o conforto dos outros não é isso o que dizem? Tudo bem, ria de mim, pode rir. Mas lembre-se:

Um dia você pode estar no meu lugar.

Ele era diferente, ele sabia mudar o tempo, ele era dono do tempo. Podia ir e voltar quando bem quisesse, podia seguir em frente ou retroceder a quantidade de passos e anos que desejasse. Ninguém podia desafiá-lo, ninguém podia derrotá-lo, ele era dono do nosso bem mais precioso. Poderia trazer a nossa glória.

Assim como poderia trazer a nossa ruína.

Ele era o Mago do Tempo, o temível e poderoso Mago do Tempo, não tinha medo de nada e nem de ninguém. Muitos guerreiros tentaram inúmeras vezes vencê-lo, mas quando se tem total controle das horas, um combate de dias vira uma irrelevância de segundos e a vontade de se sair vitorioso de nada importa quando se tem em mãos a manipulação do relógio.

O rei estava desesperado, as damas choravam em agonia, sumiam uma atrás da outra, voltavam velhas, desgastadas, cinzas e grisalhas. A beleza e sensualidade de antes davam lugar a feiúra e isolamento. Os homens praguejavam, o Mago do tempo estava roubando suas filhas, esposas, netas e sobrinhas. Nada conseguia atingí-lo, magias, palavras, espadas, flechas, poções, nada. Nem mesmo a poderosa serra da Lenhadora que odiava o Amor abriu uma ferida em seu corpo e a pobre mulher foi fadada ao esquecimento e solidão eterna.

O Mago ria do terror que causava, e se quisesse repetí-lo era só mover os ponteiros do bonito relógio de bolso que carregava, um relógio feito com o ouro dos deuses e cujas engrenagens continham pedaços dos fios da vida que ele pessoalmente roubara das três parcas que tecem o Destino dos pobres mortais. Um relógio cujos números eram feitos das pedras mais brilhantes e preciosas já encontradas na história dos Imortais, cuja corrente conectava-se diretamente ao trancafiado e solitário coração do Mago.

Ninguém podia tocar naquela corrente feita de veias, sangue e ódio. O Tempo era a única coisa na qual o Mago confiava, o Tempo era o seu único amigo e companheiro, o único que nunca o decepcionou ou o traiu, o Tempo é manipulável, dobrável e pode ser o que o Mago bem quisesse.

Para ele não existia Relatividade.

Não existia limite.

Não existia nada.

Ele era livre.

Livre e sozinho.

Ela sofria com o reinado de terror do Mago, os sorrisos desapareciam conforme os ponteiros trocavam de lugar com os dias e os anos, as pessoas se escondiam e ninguém mais pedia seus conselhos ou palavras, ela estava enfraquecendo junto do resto do reino. A pequena e valente Sabedoria estava morrendo e se não fizesse algo rápido, teria sua existência tirada de si para todo o sempre.

O Mago gargalhava ao ver suas maldades se alastrando pelo agora destruído reino, movia seus ponteiros para ver a desgraça acontecer até que ficasse cansado de tanto rir. A inocente Sabedoria subiu o Monte dos Ventos em busca da Lenhadora mas sua antiga amiga havia caído no esquecimento perdendo-se dentro de si mesma, repetia sempre a mesma frase do mesmo jeito, como se estivesse presa a uma cena horrível.


“Eu não te amo. Eu não te amo. Eu não te amo.
Veja, esculpi nossos nomes numa árvore, os contornei com o formato do coração, o coração que eu dei pra você.”


A Sabedoria chorou ao ver o quão danificada estava sua querida amiga, mesmo não podendo, sentiu raiva e o desejo de se vingar. Aquele Mago sem coração estava matando a todos e não fazia a menor ideia de que aquilo poderia acabar com ele mesmo, o uso do relógio em demasia o exauria cada vez mais, logo se sentiria fraco e cansado.

Logo ele precisaria dormir.

E então o tempo pararia.

E todos ficariam presos até o Mago acordar, presos num sono eterno.

Presos num pesadelo sem fim.

Ela pulou de nuvem em nuvem até alcançar os enormes portões que a separavam dos domínios do terrível Mago, o céu escurecia dando lugar a estrelas brilhantes mas que não tinham vida, eram apenas receptáculos sem luz própria criados para entreter o dono do Relógio quando o mesmo estivesse entediado. Sabedoria abriu caminho por entre pergaminhos antigos e livros novos, caminhou por entre relíquias do passado e descobertas do futuro.

O Mago estava a roubando para si.

Ele estava roubando todo o conhecimento do mundo.

Ele estava roubando a Sabedoria.

Com os olhos cansados e vermelhos ele encarou a invocada oponente com desdém, soltou um riso de deboche, ele tinha o poder de tudo, ele sabia de tudo. Ela de nada poderia fazer contra ele, ele tinha o controle do Tempo, ele possuía do Relógio, sem ele, o mundo não seria nada e sem o Mago, não havia entidade capaz de ordenar e controlar o Tempo.

Isso era o que ele pensava.

A jovem e paciente Sabedoria esperou até que o maldoso vilão notasse sua presença, mas de nada adiantou, ele só se preocupava com o seu mais precioso bem, admirava a corrente feita de veias que pulsava a cada tic-tac, mirava os números e ouvia os fios se embolando nas engrenagens e virando uma coisa só. Ela respirou fundo e desrespeitou um de seus principais fundamentos.

Ela agiu com impulsividade.

E arrancou o Relógio do peito do Mago.

O terrível vilão gritou ao ver o peito sangrando, haviam ferido o seu coração novamente e novamente ele não sabia o motivo, tudo que ele sabia era que doia, doia muito. Uma dor profunda e interminável, o sangue escuro jorrava e a calma Sabedoria observava conforme a corrente antes pulsante perdia seu movimento gradativamente até virar pó.

“Por quê? Por que você fez isso? Ninguém me machuca! Ninguém!” - bradava o Mago ferido no chão segurando o buraco em seu peito.

“E quanto a mim? E quanto a sabedoria que eu espalhei através dos anos e da história? Você acha que não está me machucando a cada furto que comete? A cada semente de medo que implanta nas pobres pessoas desse reino? Quem está matando é você!” - respondeu a jovem com o Relógio em mãos.

“Eu tenho o poder do Tempo! Eu posso fazer o que eu quiser! Se eu não ficar contente posso voltar e deixar as coisas do jeito de antes! Devolva o meu Relógio! Eu preciso dele para viver!” - implorava o agora injuriado Mago, sua voz enfraquecia e os olhos começavam a secar, logo ele viraria a Areia do tempo e voltaria para a Ampulheta.

“Você sempre foi muito sozinho, sempre se machucou por nunca poder ter amigos. Todos eles pertencem ao seu domínio, todos eles ficam velhos e morrem, mas eu não. Eu sou a Sabedoria e eu preciso do Tempo, do mesmo jeito que o Tempo e você precisam de mim” - o Relógio tremia conforme a jovem o colocava na mão de seu dono. A ferida feia e o sangue escuro desapareceram assim como as trevas que residiam no coração do Mago.

“Eu nunca tive um Imortal ao meu lado, perdoe-me eu não vi o que fazia, não tive ciência suficiente para perceber que você é uma parte importante de mim. Peço que não se zangue comigo, prometo consertar as coisas e fazer tudo certo dessa vez” - o Relógio antes dourado era agora branco e o ceu estrelado ganhara a vida que havia perdido, os receptáculos explodiam dando lugar aos pontos de luz que lá pertenciam. O Tempo voltava a fluir como antes.

“Não estou zangada, você ficou cego pelo poder e pela solidão, ninguém merece ficar sozinho por tantas eternidades. Vou ficar do seu lado contanto que nunca deixe de precisar de mim.” - e pela primeira vez o Mago sorriu.

“Te deixo me acompanhar se prometer sempre ser necessária pra mim.” - e então o Morro dos Ventos soprou novamente, a beleza das damas retornara e o esquecimento da Lenhadora foi tão grande que ela não mais odiava o Amor e sim o protegia. Os guerreiros mortos nas batalhas travadas contra o Mago voltaram para suas filhas, sobrinhas, netas e esposas. O rei despertou do seu estado de desespero contínuo e a Sabedoria teve a seus pertences espalhados pela história novamente.


Quando disse que essa história não teria um final bonito eu não menti, eu morri por ele, eu fui tragada por ele, fui violada e furtada. O Mago do Tempo me machucou e me feriu, tanto por dentro quanto por fora.

Não há Sabedoria no mundo que consiga por lógica a um sentimento tão poderoso e letal.

O Amor me matou.

O Amor que eu sinto por ele fez isso.

Me destruiu.

Mas pelo Mago do Tempo eu faria tudo de novo

quinta-feira, 1 de julho de 2010

eu acredito.


você acredita, nós acreditamos, eles acreditam.

Eu acredito em música, nas pessoas que gostam das mesmas músicas que eu e gostam das mesmas coisas que eu. Acredito em respeito, em dor, em filmes, vinis espalhados pela casa e filmes arrumados em ordem alfabética na estante. Acredito que choro mais em filmes do que com a minha própria vida, que sou mimada, chata e egoísta, que abraços são bacanas. Acredito em cerveja, em tequila e dancinhas feitas lá pelas 3h00 da manhã sem nexo algum, acredito em saudade, em ódio, dor e romance. Acredito em shows lindos e únicos,acredito em moda, em all star vermelho, óculos de sol, cachecóis e guarda-chuva.

Acredito que o Paul é melhor que o John, que eu sou preguiçosa e falo alto demais. Acredito em futebol, em famílias reunidas tomando café. Acredito em mentiras e em verdades, em livros, em vento, em gritos de felicidade. Acredito que falo muitas besteiras, que me irrito facilmente com qualquer coisa, que perdi a conta de quantas vezes fui ao hospital, que minha infância foi estranha. Acredito que terei menos que 1,60 pra sempre, que sempre vou fazer planos e não cumpri-los, que sempre terei milhares de segredos e esmaltes vermelhos. Eu acredito que sempre carregarei essa cicatriz na mão esquerda, que meus cabelos irão se manter pretos, que sempre irei temer a morte e que só irei acordar de verdade depois de uma xícara de café. Acredito em pessoas que observam em silêncio e riem alto, em bondade e maldade, em vingança, em sorvete de morango, em cartas, em palavras e acredito em sextas-feiras, em verão, em beleza, eu acredito em tempo, acredito quando olho nos olhos, acredito em perda, acredito em dinheiro.

Acredito em amor de mãe e avós, que ainda sofrerei por um garoto e que irei fazer mais um sofrer, eu acredito em samurais, no Batman e no V, acredito em cinema, acredito que sempre irei me sentir bem quando chegar em casa. Acredito que muitas pessoas zombam de mim, que danço sozinha no meu quarto, que canto debaixo do chuveiro, que tenho medo do Freddy Krueger, que tenho histórias demais pra contar, muito o que escrever e ver ainda, que deveria ter nascido nos anos 70 e que deveria ter ido no show do Bob Dylan. Acredito que não sou a mais bonita e nem a mais simpática, que eu falo palavrão demais, acredito que eu teria um filho com o Morrissey e que as minhas pernas sempre serão finas. Acredito que nunca jogarei meu all star verde e velho fora, que nunca enjoarei de calça jeans e que a minha família sempre será a definição de amor infinito.

Acredito que não causo nenhum efeito “uau” nos homens mais acredito que quando passo em frente a alguma construção ouço uns “e ai gatinha”, eu acredito que demoro pra responder e-mails, que minha mãe sempre será fã do Nando reis e meu tio sempre será meu herói da vida real.
Acredito que sempre irei usar óculos escuros em dias de sol, óculos de grau apenas para ler, que sempre me sentirei feliz em abril, que nunca me cansarei de ler a mesma coisa e que nunca vou me querer sentir como apenas uma coadjuvante na estória de alguém.
Acredito que sempre irei querer pessoas que se lembrem de mim, me escrevam canções ou coisinhas banais só para eu me sentir querida quando tudo estiver uma merda.
Eu acredito que eu poderia ser uma pessoa normal, morna e seca. Só que eu não quero, obrigada.


ps da narradora: texto antigo que achei perdido numa das minhas gavetas. Estou feliz, sol bonito, unhas vermelhas, cabelos pretos, cerveja na geladeira, música boa ressoa pelo apartamento. Um bom começo de julho,não?

Primeiro post de julho, obrigada a todas as visitas e por eu ainda ter esse espaço para mostrar o que escrevo.
Ótimo Julho pra vocês, lá no horizonte distante coisas boas chegam a todos nós.

Stay Beautiful,
PriiiG

ouvindo: muse_