terça-feira, 21 de dezembro de 2010

sobre o tempo

pro tempo engatinhar do jeito que eu sempre quis.

- Vamos quebrar esse seu maldito relógio? – ele disse no meio da música, enquanto as luzes brincavam na minha pele.

Não consigo viver sem olhar meu relógio branco de pulso, estou presa no tempo, nas horas, nos minutos, no Sol que se vai e na Lua que chega.

Eu criaria dias maiores, os dias de trabalho teriam horas reduzidas e os dias para viver livremente sem se preocupar com nada teriam 40 horas. Assim, eu veria todos meus amigos, dançaríamos todas as musicas e beberíamos todos os shots de tequilas que agüentaríamos. E riríamos sem nos preocupar em voltar pra casa porque demoraria muito ainda pra amanhecer.

Eu daria mais horas pra vocês não fazerem nada ou lerem alguma coisa legal. Pra aprendermos mais palavras novas no dicionário, para olhar vitrines, escolher filmes e falar sobre vinis. Menos tempo no trânsito pra assim você conseguir entregar aquele livro do Pequeno Príncipe que você carrega debaixo do braço pro seu verdadeiro príncipe.

Tempo pra poder aprender a dirigir, pra poder fazer dinheiro, limpar a bagunça do quarto, armário e do carro. Pra pintar as paredes da cozinha, pra xingar mais, pra escrever cartas e enviá-las. Mais tempo pra ficar na sala vendo novela com a minha vó, mais tempo pra criar coragem e dizer todos os dias pra minha mãe que eu amo, de verdade. Mais tempo pra inventar piadas estúpidas com meu tio e minha prima.

Mais tempo pra sermos felizes, pra você se maquiar e escolher uma roupa adequada pro seu encontro de hoje à noite. Mais tempo para ver os amigos durante a semana, para fugir pra ver o mar, pra jogar vídeo-game, passar horas naquela fila do cinema e responder e-mails. Mais tempo pra reprimir as palavras lacradas dentro de mim, pra ficar no sofá vendo filme enquanto o Sol bate na janela e dar conselhos. Mais tempo pra ser um pouco menos fria, pra inventar novas manias e controlar a risada escandalosa.

Tempo para atravessar o mundo e tirar uma foto com anões de jardim, para ir até aquela cidade e dizer na cara dele que aquele beijo que ele te deu deixou um gosto amargo na sua boca. Tempo pra diminuir a distância entre um abraço e outro, pra contar minha vida para pessoas desconhecidas e pra ficar conversando besteira pelo telefone.

Criar mais tempo pros amores encontrarem seus lugares, os lugares que chamarão de lar. Mais tempo deitada no sofá, mais tempo para tirar uma soneca antes de ir trabalhar, pra atualizar minha vida e pra cortar meus cabelos. Pra comprar all star, sandálias e vestidos floridos, ingressos para aquele maldito show, churros e cerveja gelada que mata o calor.

Horas e minutos pra você planejar seu futuro, tomar café com seus novos amigos, se perder na Av. Paulista e pra matar saudade bebendo uma coca-cola gelada. Pra rirmos mais com historias contadas dentro do ultimo vagão do trem, pra dançar (sem saber) música dos anos 80, pra chorar sem motivos e sorrir enquanto seca as lágrimas.

Quebrar os despertadores e os relógios só pra você ficar mais tempo conversando na calçada com seus vizinhos, comer pizza com sua família e tirar fotos com seus amigos da escola, aqueles que você não vê há muito tempo, por causa do tempo.

Mais tempo para terminarmos aquele livro, pra acabarmos de contarmos aquela história maluca pelo messenger e pagar as contas. Escolher roupas novas, o que comer e o que sonhar acordada deitada na cama.

Pedir pra mãe mais 10 minutos dormindo, conversando ao telefone, tomando banho, se arrumando, dando amassos dentro do carro, usando o pc ou vendo aquele desenho.

Mais tempo pra inspiração ficar, mais dias dourados, mais dias de folga e tempo para as compras de Natal. Mais tempo na casa da amiga só pra acabarmos de beber aquele vinho que compramos, pra contar pra minha mãe sobre meu trabalho e tempo para acabarmos de jogar Uno enquanto vemos aqueles shows com roqueiros loiros e sarados. E mais tempo pra não nos importarmos em perder a hora, a carona e o último metrô de volta pra casa só pra poder sentir os lábios de alguém pela última vez na noite. Mais tempo pra dar 00h00, mais tempo nos abraços, comer torta de morango, brindes e 18 anos.

Tempo pra vivermos o verão, sem restrições e sem relógios.

p.s. da narradora:

achei correto escrever sobre o tempo nesse primeiro dia de verão – mesmo que o Sol não esteja brilhando por aqui, não quer dizer que não seja verão e que ele nunca mais vai brilhar.-, e no aniversário do blog, afinal, aniversário é algo nostálgico, até para um blog.

Eu nem tenho palavras bonitas e bobas pra falar sobre o 1º ano do DNME. Só sei que sinto um orgulho imenso por estar aqui compartilhando minhas palavras e sentimentos com vocês. Continuem bonitos, continuem se apaixonando, rindo e bebendo (suco ou cerveja), que nós continuamos por aqui escrevendo essas palavras tortas e um tanto bonitas pra vocês.

Cá entre nós, não deixem o verão pra mais tarde,

@PriiiG

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