terça-feira, 29 de março de 2011

O Titanic avassalador de pensamentos.

ou apenas eu e meu espelho.

(Tive uma conversa com meu espelho esses dias. Perguntei por que raios sou tão inconstante, gosto e desgosto fácil demais e por que não sou um pouco mais alta. O reflexo no espelho, por sua vez, apenas sacudiu os ombros e passou a mão pelos cabelos, apenas para me irritar).
Perguntaram esses dias se eu tinha namorado, eu disse que era assexuada e todo mundo riu. Eu gosto de fazer piada com minha vida amorosa.

Não sou assexuada- se bem que ultimamente tenho todas as ferramentas pra ser-, a verdade é que não tenho namorado. E sinto-me muito bonita quando digo “não, não tenho namorado e nem namorada. Olha como as coisas estão feias pro meu lado!” e a multidão que ouve diz que não acredita que uma menina bonita (leia-se bem vestida) e simpática como eu esteja sozinha. Meu ego vai lá ao céu e volta todo radiante, como um vampiro que brilha no sol de Copacabana.

Também não sou do tipo que fala que está sozinha por pura opção. Estou sozinha por falta de opção, isso sim. Acho que sou exigente demais, nova demais, chata demais ou apenas não quero me acomodar em qualquer relação que esteja suficientemente dentro dos padrões normais.

Os padrões normais? Conhecer os pais, ir a confraternizações familiares, cinema toda semana, restaurante todo sábado e depois uns amassos casuais dentro do carro. E só. Não quero um relacionamento morno e seco.


(O reflexo no espelho arregala os olhos e acusa que estou fazendo drama, porque eu adoro um drama e colocar a culpa nas músicas que falam por mim. E que talvez, eu não esteja dentro dos padrões normais).


Eu não quero isso. Mamãe disse que posso acabar sozinha, mas não ligo. Quero passar meus momentos procurando com atenção do que aceitar qualquer um que me apareça no meio do caminho, não é egocentrismo. É medo. Não quero me apaixonar por qualquer cara que me fale “oi, gata”, só pra não ficar sozinha. Quero me apaixonar por completo.

Quero alguém que segure minha mão e me obrigue a ver “O Exorcista”, alguém que divida a conta do bar comigo, que me leve pra ver o mar, que me elogie e goste dos meus amigos. Alguém que divida seus problemas comigo, alguém que me dê conselhos e que ame a comida da minha vó.
Que no mínimo goste de The Clash e tenha visto algum filme do Marlon Brando. Que goste das minhas pernas finas, meu batom vermelho e meu cabelo preto. Que ache minha mãe a sogra mais descolada de todos os tempos, que me abrace sem eu pedir e que não me ligue, pois sabe que eu odeio telefonemas.

Quero alguém pra ser meu cúmplice, pra rir do meu sarcasmo e pra me comprar cerveja quando sentir que estou precisando de uma guinada no meu dia. Pra dançar comigo dentro do quarto, pra reclamar do meu all star sujo e pra rir baixinho quando eu chorar vendo algum filme.
Alguém que não se importe com minha intolerância, minha altura e minha falta de noção de tempo. Que me mostre ruas novas, coisas novas, que me transforme. Alguém não pra me completar, mas apenas alguém pra dividir as mesmas coisas.

Eu realmente não sei se já encontrei esse certo alguém, talvez eu não esteja olhando para as direções certas. Talvez eu não esteja procurando direito. Ou talvez já o encontrei mas não me dei conta, poderia ter sido aquele que me perguntou as horas ontem, o que vejo todos os dias dentro do ônibus. Aquele me olhou enquanto eu atravessava a rua escondida atrás dos meus óculos escuros. Pode ser aquele que vive implicando comigo ou aquele que fica ali no canto do metrô me olhando enquanto fico cantando pra mim as músicas que soam nos meus fones de ouvido. Aquele que eu dei uma informação, aquele que eu fiquei olhando por minutos e quando ele me olhou, eu fiquei vermelha e abaixei a cabeça. Aquele que eu beijei naquela noite e hoje nem me lembro o nome direito.

(O espelho começa a dizer os nomes daqueles que poderiam e podem dar certo. Eu apenas sacudo os ombros e passo a mãos pelos cabelos só para irritá-lo).

Ou talvez não seja a hora. Talvez o momento seja apenas pra eu me divertir, sair, ver as luzes e dançar ao som de qualquer música dos anos 80. Talvez eu fique pulando de noite em noite, até chegar aos 25 anos e ai sim, sair à procura de alguém. Mas sinto que lá em algum lugar, tem alguém pensando e desejando o mesmo que eu e, sem saber nós mantemos uma relação. Eu aqui, ele lá, juntos pelo mesmo sentimento de busca.

Falei pra mãe que vou continuar procurando, então, se você estiver por ai, pode passar aqui em casa que estou te esperando. E se você não me encontrar aqui em casa, mamãe disse que te convida pra tomar uma taça de vinho enquanto você me espera voltar.

Ou se a gente se esbarrar ali atravessando a Av. Paulista ou descendo a escada rolante do metrô, pode pegar minha mão e me levar pro resto da minha vida.

(Então, eu e o espelho chegamos à conclusão de que somos jovens, pra que nos desesperarmos assim tão cedo? Deixe o sofrimento para mais tarde. Satisfeita com minha resposta, voltamos para a cama, imaginando quando será a próxima noite da cerveja com as luzes dançando pelo meu corpo).
p.s. da narradora
ou eu simplesmente sou nova demais. 19, here i go!
give me a reason to fall in love, take my hand and let's dance,
@PriiiG

Um comentário:

  1. Eu não entendo um milhão de coisas também.
    Só espero que a minha maré de sorte esteja vindo e nesse momento.

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