terça-feira, 29 de novembro de 2011

In The Morning


In the Morning by The Coral on Grooveshark Você nunca sabe a força que tem… 
Até que a sua única alternativa é ser forte


- Eu quero ir a praia.
- Eu não tenho tempo pra isso. Praia é coisa de quem não tem o que fazer e isso eu tenho de sobra.
- Estamos em um hotel na praia e você não quer me levar, nem me deixar ir.
- Me denuncia!
- Eu não estou pedindo pra você me dar um carro novo. Só quero ir a praia.
- Problema seu!


Ela estava muito exausta de tudo aquilo. Aquelas cenas que eram totalmente atípicas para sua rotina a impediam de pensar em seus problemas, como contas a pagar, se suas pernas ficavam bonitas naquele short ou se aquela mancha de graxa iria sair de sua camiseta branca, porém estava sugando tudo a sua energia. Tanto que no fim do dia não tinha vontade de tomar o copo de vodka com energético de sempre.

- Eu quero voltar pra casa.
- Só fazem duas semanas que você está ai e já quer voltar?
- Estou com saudade dos meus amigos e de algum sotaque conhecido.
- Acho que você não está aproveitando isso do jeito certo.
- Que jeito certo? Eu acordo às 06h00 e durmo às 21h00 todo dia.
- Exatamente. Porque você não vai a praia?
- Você não disse isso!
- O que? Ir a praia?... Alô?... Você tá ai?... Filha da puta desligou na minha cara. Depois reclama que não tem amigos.


Se aquele lugar era bonito, ela já não sabia dizer. A praia parecia linda da janela do quarto do hotel, mas ela não parou mais que 5 minutos pra observar a paisagem.

Por algum motivo que ela estava sofrendo bastante pra descobrir porque quartos de hotel eram tão mais poético nos filmes. Mas na verdade eles se resumiam em camas com lençóis tão esticados que era capaz de bater um remorso na hora de sentar e amassa-lo, mini geladeiras com bebidas mais caras que uma noite inteira em um bar, toalhas perfeitamente dobradas e tão macias quanto arame farpado, TV a cabo que nunca passa nada, um cheiro peculiar de limpeza recém feita e elevadores que nunca chegam.

Com o seu tempo livre ela escolhia: ler duas páginas de um livro que estava no criado-mudo há dias sem ser tocado ou ouvir uma música quase inteira. Ela sempre optava por ir dormir 4 minutos mais cedo.

O café da manhã era tudo o que conseguia ingerir: um copo quase cheio de suco de laranja.
O almoço variava de acordo com o seu humor: barra de cereal de frutas ou chocolate.
O jantar era quase sempre o mesmo (o que fosse mais rápido e mais fácil de comer): Pizza.

Em uma tentativa frustrada de curtir um pouco a noite do lugar, acabou em um bar lotado, se perdeu do grupo de amigos e acabou com um cara muito chato dando em cima dela a noite inteira. 

Quando finalmente encontrou um do seu grupo, ele já estava bêbado e passando muito mal. O que ela achou bom, pois finalmente tinha algo pra fazer, mesmo que esse algo fosse cuidar do amigo bêbado.
Mas aquela noite só resultou em gente bêbada e ela sóbria e algumas horas de sono mal dormido.

Ela estava deslocada sim, mas de um jeito um tanto bizarro se sentia bem. Estava longe de casa e de tudo que conhecia. Não conhecia aquelas ruas, nem as pessoas. Tinha só um amigo de verdade ali e ele iria embora em 3 dias.
Embora soubesse que sua estadia naquela cidade era curta, contava os dias com fervor. Mas então o que era sensação estranha de saudade que começava a bater?
Ela não gostava dali, não estava perto de suas coisas, nem de seu bar favorito. Estava ali trabalhando e somente por isso.
Mas era tarde demais, agora as coisas faziam sentido. Ela estava sentindo saudade antecipada dos amigos que havia feito no trabalho temporário.

- E tudo que eu mais queria era só ir a praia.
- O que?
- Nada.

Para sua alegria, sem nenhuma aviso aquele dia de trabalho terminou mais cedo. E ela decidiu conhecer um pouco da cidade e por conhecer a cidade, digo que ela foi ao shopping. Passou algumas horas perdidas pelos corredores gastando dinheiro que não tinha.
Na manhã seguinte acordou com o mesmo aperto no coração, mas dessa vez ela sabia o motivo. Mas se recusava a falar que ia sentir saudade dali, então foi trabalhar normalmente.
Como de costume chegou atrasada, mas ninguém se importou. Então foi logo tomar seu lugar.

- Você comprou presente pra todo mundo?
- Claro que não. Só conheço 40% do pessoal.
- E o que te faz pensar que um deles vai gostar de Vanguart? - ele perguntou abrindo um dos embrulhos.
- Provavelmente não vai gostar, mas prefiro dar algo que eu conheço. - ela respondeu tomando o embrulho e tentando fecha-lo de novo.
- Você gosta de algum deles?

- Que pergunta idiota, claro que não. Que pergunta mais idiota.
- Vou encarar isso como um sim.
- Não enche.

E a discussão sobre o que dar de presente pra quem você não conhece muito bem se arrastou por algumas horas do dia.

- Vamos sair pra beber hoje?
- Você paga?
- Por todo e qualquer tipo de álcool que você consumir.
- Credo, que péssimo amigo que eu tenho. Só paga a conta se eu ingerir álcool?
- Claro, assim eu não saio no prejuízo.
- Acho que vou começar a beber só pra te sacanear.
- Será o dinheiro mais bem gasto da minha vida de bebedeira.

- Só não se esqueça que vamos embora amanhã e não podemos perder a hora.
- Pode deixar. Quero tanto quanto você ir embora daqui.




Naquela noite ela se arrumou um pouco diferente como de costume. Colocou um vestido bonito, no melhor estilo anos 50 e uma sapatilha combinando. Não se preocupou em arrumar o cabelo e nem deu muita atenção para a maquiagem.
Já no caminho para o bar, ela recebeu uma sms do seu amigo: "Ele também vai."


- E agora? - Já era tarde demais para voltar para o hotel ou fingir uma dor de cabeça e cancelar a noite.







[Continua...]
Jessy McLovin

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