sexta-feira, 9 de setembro de 2011

mi amiga




(ou pra você que está em seattle)



É engraçado como antes te contar os últimos acontecimentos dos meus dias, era algo tão banal de tão simples que era. A distância tem piorado tudo hoje em dia, os romances, o deslocamento entre cidades, menos nossa amizade e pode soar estranhamente piegas, mas é verdade. Te carrego todos os dias, por onde eu vá e por onde eu irei ainda. Simples assim, sua presença existe mesmo ausente, mesmo distante.

Sábado passado foi dia de irmos àquela nossa balada preferida no centro da cidade, e não é a mesma coisa sem você. Não só pela presença ausente ali, mas por saber que no outro dia, não tenho pra quem ligar pra contar sobre a noite e sobre a ressaca que me consome.
E tocou The Strokes e eu dancei. Mas dancei ainda mais, quando Young Folks começou a tocar e as luzes a dançar por todo meu corpo, porque cá entre nós, que o mundo se exploda, que as notícias da manhã acabem, junto com todo o resto, o que importa é a nossa conversa, ali, nossa amizade, ‘talking only me and you’. Que o mundo se exploda, permaneceremos juntas na pista de dança, um pouco tontas pelo absinto com soda e rindo de tudo e todos, porque somos espertas e sabemos que a vida é aqui e agora.
E digo mais, sabemos que somos melhores que as notícias da manhã.

Por essa razão, sinto sua falta. Porque sobra tanta falta no final de tudo. Falta você pra dormir aqui em casa, pra dar risada durante horas, pra ler o tarot virtual comigo, pra me obrigar a ficar mais de 20 minutos no telefone. Falta colo pra chorar por homens, filmes e vida dura, copos pra encher, faltam sorrisos, fotos, roupas bonitas e garotas fingindo serem americanas em pleno viaduto do chá.

Porque esses dias nem a música alta nos meus fones de ouvido abafaram a vontade de falar contigo, te encher o saco falando alto ou apenas passar um tempo sem rumo em algum parque chato da cidade. Senti falta do seu medo de árvores, seu irmão imaginário que usa bermuda bege, de faltar em quase todas suas festas de aniversário, do grito pedindo ‘the strokes’ em todos os lugares, dos dias longe de casa pra ficar o tempo todo fazendo porra nenhuma com você, porque aquela era a vida que tínhamos escolhido, assim como nossas franjas, nossos all star fodidos e calças skinnys.

Já disse uma vez isso pra você e hoje preciso repetir que sempre te achei uma pessoa transparente, pessoa que encosta a cabeça bem de leve no nosso ombro nas tempestades. Daí, tudo se transforma, como se essa tua transparência nos invadisse com centenas de cores, e a tempestade vai passando e já é tempo de cantar pela rua novamente. Eu sinto falta dessa tua essência, desse teu jeito tão bonito de ouvir, aconselhar, brigar e rir.


É totalmente estranho pra mim pensar que fazem dois meses que não te vejo e, que por alguma ironia do destino era o final de semana do dia dos namorados (foda-se. nosso instinto de solteiras sempre fala mais alto)e, eu chorava pedindo pra você não ir. Mas no fundo, você tinha que ir, você tinha que crescer (e em parte, me deixar crescer sem você)... mas essa velocidade das coisas me assusta um pouco.

Tenho tido medo de muitas coisas, medo de chorar sozinha, de me envolver e de desafinar debaixo do chuveiro. E você, você nunca teve medo de nada, você sempre soube rir e chorar quando preciso, sempre teve coragem necessária pra lidar com as lágrimas que quase nunca caiam.

No meu mundo ideal, você não teria ido morar um tempo com os gringos, você teria ficado aqui e todo dia seria sábado, porque sábado é dia de beber e ir praquela balada nossa. Todos os dias seriam ensolarados, todo dia seria dia de cerveja, de suco de abacaxi e desejos pra comer pães de queijo. Ouvir The Strokes, ir pra Augusta e encontrar os caras daquela banda gaúcha que tanto gostamos, gastar dinheiro com besteiras, tirar fotos das costas dos nossos homens mais bonitos (porque o segrego é manter o mistério), rir no metrô por qualquer bobagem e acabar perdendo a estação. E ficaríamos todos os dias vivendo um sábado, fazendo um sábado melhor que o outro (e até arrumaríamos um tempo pra ver 'once', o filme que mais nos encantou nos últimos tempos)... mas sabe, minha melhor amiga, sempre gostamos mais da realidade, nunca desejamos a perfeição, nem na nossa vida, nossos relacionamentos, roupas... Então, por ora, basta saber que você está bem, que está fazendo uma porção de gente se contagiar com esse teu brilho, essa tua essência. E que você continua sorrindo e com certeza, cantando Strokes aos quatro cantos de Seattle.

Vá a lugares bonitos, beba e dance por mim. E volte.
Nossa vida, precisa de você pra seguir nos trilhos.

p.s. da narradora:
i've got a friend who helps me to get up again.
te amo (porque é sempre necessário)

por Priii.

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